Numa mensagem aos chefes de Estado e de Governo dos países membros da União Africana, o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, defendeu nesta Quarta-feira, 28, um novo pacto de paz duradouro para África, centrado na valorização do património natural e cultural.

“Trago-vos uma proposta: a de colocarmos o nosso património, a nossa herança comum, no centro de um novo pacto continental de paz duradouro. É chegado o tempo de agir, de forma conjunta, coordenada e visionária”, afirmou José Maria Neves.

O Presidente propôs ainda a adopção de uma carta africana do património natural e cultural, com o compromisso de canalizar 1% dos orçamentos nacionais para a sua preservação, garantindo mecanismos de transparência e participação cidadã.

Entre outras medidas, o chefe de Estado apontou a criação de um fundo africano para os oceanos, financiado por uma taxa simbólica sobre os cargueiros que cruzam águas africanas.

Além disso, sugeriu ainda o reforço do fundo africano do património mundial, com recursos provenientes de 0,5% das receitas do turismo e das indústrias extrativas.

“Neste esforço de valorização do nosso legado comum, a União Africana deve continuar a desempenhar um papel catalisador, promovendo sinergias entre Estados, investigadores, comunidades e agentes culturais. Através de plataformas como a Agenda 2063 e da Carta para o Renascimento Cultural de África, podemos consolidar o tecido institucional e jurídico necessário para transformar o património em pilar de governação, coesão social e identidade continental”, acrescentou.

José Maria Neves, diz a Lusa, alertou para ameaças concretas, como a desflorestação, a perda acelerada de línguas locais e o abandono de patrimónios históricos, como a antiga hidrobase da Aéropostale, na cidade da Praia, “cuja história permanece, ainda hoje, invisível e por contar”.