Soltem-se os génios. É disto que o povo gosta. Neste caso, mais uns do que outros. Para os adeptos do Rio Ave, o momento superlativo de Tiago Morais valeu o preço do bilhete – e um ponto! Para os aficionados do Arouca, esse mesmo lance, no último suspiro, foi um autêntico soco no estômago – e custou dois pontos! – depois do tento de Jose Fontán.

Pelos trilhos da Serra da Freita, houve quem desafiasse a escuridão da noite e não tivesse medo de enfrentar tudo o que lhe aparecia pela frente. Nico Mantl e Cezary Miszta foram os expoentes máximos dessa coragem e na primeira parte chegaram-se à frente.

O alemão negou o golo a Kiko Bondoso (33’) e a Marios Vrousai (34’) – e ainda viu Tiknaz cabecear por cima (19’) -, o polaco arrepiou-se com os remates de Alfonso Trezza (6’), Henrique Araújo (10’), Weverson (26’) e Pablo Gozálbez (36’ e 45+2’). Havia (muita) vontade, mas o sumo ao intervalo era (um amargo) nulo.

Percebia-se que a festa chegaria e que tanto poderia ser feita em tons de amarelo ou de verde e branco. Como diz o povo, dividiu-se o mal pelas aldeias e ambos… festejaram. Primeiro os lobos, que voltaram a entrar muito bem na etapa complementar e dominaram territorialmente o desafio.

A primeira ameaça até foi dos vila-condenses, com André Luiz a falhar o desvio por milímetros, na sequência de um cruzamento da esquerda de Omar Richards (47’), mas a formação orientada por Vasco Seabra reagiu… e bem. Henrique Araújo voltou a porfiar, Morlaye Sylla tentou de longe, Chico Lamba cabeceou para as nuvens, mas Jose Fontán confirmou a tendência: jogada estudada dos arouquenses, assistência de Tiago Esgaio e o defesa-central espanhol encostou à entrada da pequena área – o lance foi revisto pelo VAR por um possível fora de jogo de Dylan Nandín, que estava legal por… 4 centímetros.

Os caminhos da serra estavam, enfim, desbravados pelos locais, mas os forasteiros ainda tinham uma carta na manga. Tiago Morais sabia o caminho para chegar à Fontán e logrou partir o cântaro com um momento sublime: o extremo fletiu da esquerda para o centro e com um remate em arco colocou a bola no ângulo superior contrário da baliza de Nico Mantl. Que golaço!

O Arouca chegou ao sexto jogo seguido a pontuar – três vitórias e três empates -, o Rio Ave também não perde há três encontros – uma vitória e dois empates. Estão ambos (relativamente) tranquilos.

As reações dos treinadores

Vasco Seabra (Arouca):

Penso que fomos superiores ao Rio Ave, com mais volume de jogo e oportunidades de golo. É frustrante só termos feito um golo. Dou os parabéns ao Tiago [Morais] pela obra de arte. Mas é fantástico vermos o Arouca de há três meses e o Arouca de agora. É sinónimo do nosso crescimento e do plantel que temos. É mais um ponto que fica e seguimos com seis jogos seguidos sem perder.

Petit (Rio Ave):

Sentimos alguma dificuldade devido ao facto de termos tido três jogos numa semana, mas conseguimos dividir o encontro. Na primeira parte houve oportunidades para ambas as equipas, na segunda já não tivemos tanta capacidade física e o Arouca acabou por ter mais caudal ofensivo. Depois da desvantagem reagimos e o [Tiago] Morais acaba por fazer um grande golo.

As notas dos jogadores do Arouca:

Nico Mantl (7), Tiago Esgaio (6), Chico Lamba (6), Jose Fontán (7), Weverson (6), Taichi Fukui (5), David Simão (6), Alfonso Trezza (5), Pablo Gozálbez (6), Morlaye Sylla (5), Henrique Araújo (5), Jason Remeseiro (5), Dylan Nandín (5), Miguel Puche (-), Pedro Santos (-) e Mamadou Loum (-)

As notas dos jogadores do Rio Ave:

Cezary Miszta (7), Marios Vrousai (6), Andreas Ntoi (5), Nelson Abbey (6), Omar Richards (5), Olinho (5), Tiknaz (6), Martim Neto (5), André Luiz (5), Clayton (5), Kiko Bondoso (6), Tiago Morais (7), João Pedro (-), João Graça (-), João Novais (-) e Karem Zoabi (-)