A Taça de Inglaterra promoveu uma das grandes surpresas do futebol inglês desta época. O Plymouth Argyle, atual lanterna-vermelha do Championship, segunda divisão de Inglaterra, venceu e eliminou o Liverpool, líder da Premier League.

Com mais ou menos rotação e maior ou menor urgência, houve sempre uma constante: o Home Ground (estádio do Plymouth, que traduz para qualquer coisa como Terreno de Casa) era casa do Argyle, mas era de domínio do Liverpool. E assim teria de ser. Afinal de contas, tratava-se do líder da Premier League a visitar uma equipa que está no último lugar da divisão abaixo. Mas os 42 lugares que separavam as equipas não fizeram temer os da casa, que, como bons anfitriões, deixaram as visitas confortáveis. Isto, claro, até que se ultrapassassem certos limites — que, aqui, se delimitavam pela linha de baliza.

Que se desengane quem pense que o Plymouth Argyle se limitou a bater na frente durante mais de 90 minutos. A equipa de Miron Muslic começou desde início a tentar, a partir da defesa compacta, projetar-se na frente. O Liverpool, com Diogo Jota a titular, apresentou várias alterações e ausências. Nem Salah nem Van Dijk foram convocados, assim como Gakpo, Robertson, Szoboszlai ou Mac Allister. As estrelas ficaram a descansar e se, na primeira parte, podia aparentar que não viriam a ser necessários, o segundo tempo viria a revelar-se catastrófico.

Ao minuto 52, Elliott tinha o braço demasiado levantado e intercetou com a mão o remate de Gyabi. O árbitro não teve dúvidas e Ryan Hardie não sentiu a pressão: da marca de penálti, bateu Kelleher e provocou a festa do lanterna-vermelha do Championship. E logo a seguir, podia ter feito o 2-0: apareceu na área e, após passe de Katic, o escocês rematou ao poste.

O Liverpool lá conseguiu novamente estabilizar com a bola mas, agora, vinha outro problema: não havia criatividade em campo nem artistas no banco. A equipa de Arne Slot revelou-se incapaz de bater Hazard, mesmo com Luis Díaz, Diogo Jota, Federico Chiesa e Darwin Núñez em campo. O jogo seguiu até aos nove minutos de compensação e, depois de Tijani falhar um cabeceamento que selaria as contas, Darwin aproveitou um livre para obrigar, na penúltima jogada do encontro, Hazard a voar para, em cima da linha, fazer uma grande defesa. No canto que sucedeu o lance, Kelleher, já na área adversária, cabeceou diretamente para as mãos do guardião do Plymouth. Em poucos segundos, as bancadas passaram de ansiedade, para alívio, para festa: Sam Berrott apitou para o final da partida e os adeptos celebraram uma vitória histórica. Pela primeira vez esta temporada, o Liverpool está fora de uma competição.