Quando Record entrou, na manhã desta quarta-feira, no Pavilhão Municipal de Guifões, em Matosinhos, deparou-se com um cenário extraordinário: três antigos internacionais e um ex-treinador do Benfica orientavam dezenas de crianças em diversos exercícios fundamentais do basquetebol. E qualidade, de facto, não faltava a estas promessas, desde os mais pequenos aos mais graúdos.

É esta a premissa da NBA Basketball School, um projeto onde os jovens jogadores (e jogadoras) entre os 8 e 18 anos podem evoluir na sua qualidade técnica e, sobretudo, receber indicações sobre a mentalidade ideal para perseguir o sonho de uma carreira profissional, seja na maior liga do mundo ou no panorama internacional. 

Carlos Barroca é um nome indissociável do basquetebol português e o principal responsável pelo início deste evento, a 9 de abril de 2016, que em menos de uma década tem passado por países como o Brasil, Uruguai, México, Espanha, Itália, China, Austrália e, claro, Portugal, onde ocorre desde 2023, passando aos pequenos jogadores o espírito que se vive na NBA. 

O antigo vice-presidente da NBA na Ásia, cargo que desempenhou por 10 anos, realçou, em exclusivo a Record, a "experiência internacional" que estes jovens estão a ter em Guifões, num evento que passou por Lisboa e que irá também visitar o Algarve. "Este produto, porque é internacional, proporciona experiências internacionais, não é só para os que jogam aqui. Cá em Portugal temos tido 30 a 40 por cento de miúdos que vêm de fora. Temos miúdos belgas, turcos, austríacos, espanhóis e americanos. É uma constante, até porque Portugal é um dos países mais visitados. Miúdos africanos, de Angola e Moçambique, ou mesmo de Israel... Isto é o mundo universal", detalhou Carlos Barroca. 

E prosseguiu com o intuito deste projeto. "Inspiramos os miúdos que já jogam para continuarem e, para aqui, aprenderem algo sem competições. É uma espécie de espaço seguro, para aprender e melhorar. Para aqueles que vêm pela primeira vez experimentar o basquetebol, é uma porta de entrada gira, com as cores da NBA. Significa muito fazer parte deste projeto e é um orgulho ser diretor técnico dele", admitiu Carlos Barroca, que desempenha este cargo desde que deixou a vice presidência da NBA Ásia, em 2024, não antes sem iniciar este trajeto: "Estou ligado à NBA desde 1989, já sou mesmo velho (risos). Enquanto vice-presidente da NBA Ásia, criei este produto, a primeira escola foi lançada na Índia, com o intuito de incentivar à prática desportiva de todos os miúdos."

Alguns dos meus amigos, como o Nate Robinson e o Spud Webb, são pequenos. Que ninguém fique limitado à noção da estatura
Carlos Barroca

Diretor Técnico da NBA Basketball School

Agradecendo também a Record, que é media partner deste projeto, Carlos Barroca não impõe limites físicos a um desporto que é constantemente associado à altura. Juntamente com Sónia Reis, Roberto Fortes e João Tavares, os treinadores escolhidos para orientar os pequenos craques em Portugal, a NBA Basketball School ensina também como corresponder às necessidades do basquetebol moderno, onde todos os jogadores em campo sabem lançar atrás da linha dos três pontos. 

"É inerente ao jogo de hoje. Os miúdos, quer vejam jogos da NBA, Espanha ou até mesmo da Liga portuguesa, raramente observam jogadores que não conseguem lançar triplos. Toda a gente tem que jogar fora e todos têm de saber jogar dentro", explicou o lendário treinador, remetendo para uma filosofia de jogo que trouxe da NBA: "Há uma frase que utilizo há vários anos: 'basketball, short or tall, is a game for all (basquetebol, pequeno ou alto, é um desporto para todos)'. Alguns dos meus amigos são bem pequenos, perto do 1,59m, como o Mugsy Bogues, o Nate Robinson ou o Spud Webb. Todos eles jogaram na NBA. Que ninguém, mesmo ninguém, fique limitado à noção de estatura."

Do Porto a Boston, há mais do que um exemplo a seguir

Carlos Barroca, já se percebeu, não é um homem de colocar limites aos seus jogadores. Nas palestras que desenvolveu com os pequenos craques, assim como nos próprios exercícios de lançamento na passada, drible ou lançamento de triplo, o diretor técnico faz questão de reforçar que o teto é o limite.. e não só. 

Presente nesta ação em Guifões esteve também Miguel Queiroz, capitão do FC Porto e da seleção portuguesa de basquetebol, outro exemplo de trabalho árduo que levou ao topo do paradigma português de basquetebol. Contudo, nem o internacional português ou o poste dos Boston Celtics têm de ser os ídolos dos pequenos, que podem sonhar, na NBA Basketball School, serem "quem eles quiserem ser".

 "Têm de ser determinados e capazes de pagar o preço. A vida não nos dá nada, somos nós que temos que pagar o preço, com o sacrifício, o trabalho e as opções", pontuou Carlos Barroca a Record, deixando-nos sem palavras quanto ao trabalho desenvolvido neste projeto. Que dure por muitos mais anos.