
Quando, aos 25 minutos de jogo, este escriba olhou para o marcador eletrónico do Estádio Municipal de Rio Maior pensou para si mesmo: o resultado está feito.
Na altura, o nulo imperava. E só podia ser assim. Afinal, esse período foi jogado... sem balizas. Havia (relativa) intensidade, entrega dos jogadores, duelos bem disputados, mas tudo quase sempre no setor intermediário. A única exceção acabou por ser um remate de Witi (16'), do meio da rua, que quase saía do recinto de jogo...
Mas o cenário mudou (felizmente) de figura ainda antes do intervalo. Já depois de Liziero (31') imitar o seu colega de equipa e atirar (também ele) sem ponta de direção, surgiram, pasme-se, os golos. Sim, caro leitor: os golos. Porque, ao contrário de todas as expectativas, houve dois momentos de festa até ao descanso. Ambos pintados a preto e branco e com sotaque... madeirense.
Aos 33 minutos, Léo Santos resolveu, com categoria, um problema defensivo perto da bandeirola de canto, avançou um par de metros com a bola controlada e ousou fazer um passe em profundidade a lançar a corrida de Paulinho Bóia. O extremo brasileiro respondeu afirmativamente ao repto do seu compatriota, ganhou em velocidade a João Goulart e, já na cara de Patrick Sequeira, rematou de forma colocada para o primeiro dos madeirenses.
A vantagem dos comandados de Tiago Margarido revestia-se de extrema importância, uma vez que os insulares ainda não tinham somado qualquer vitória na Liga - duas derrotas e um empate nas três primeiras jornadas -, e, como se sabe, quando as equipas estão nestas situações é ainda mais relevante o facto de conseguirem abrir o marcador.
Mas melhor do que um... são dois. Já perto do apito para o descanso, José Gomes acreditou que chegaria a uma bola junto à linha final, pela esquerda, e chegou mesmo. Ato contínuo, o lateral tirou um cruzamento açucarado e Jesús Ramírez, à ponta de lança, disse que sim e cabeceou para aumentar a vantagem dos alvinegros. Se Paulinho lhes tinha lançado a Bóia, Jesús fez cruz na sentença.
Os gansos, como se percebe, não existiram na primeira parte. Lucas França foi um mero espectador.
Na etapa complementar assistiu-se a uma reação interessante (mas inócua) dos lisboetas. João Pereira mexeu em dose tripla ao intervalo e, mesmo mantendo o sistema, as dinâmicas melhoraram substancialmente.
Duplexe Tchamba cabeceou a rasar o poste (65'), Fahem Benaissa fez o mesmo (66', Jérémy Livolant tentou de livre (76') e Tiago Morais foi na onda (86'). Nada resultou. O mal já estava feito e o Casa Pia não teve arte nem engenho para remediar a situação.
A reação dos treinadores:
João Pereira (Casa Pia)
Foi um Nacional competente, a aproveitar a sua estratégia e nós a não entrarmos 100 por cento focados. Eu, enquanto treinador, também não consegui ajudar a equipa na primeira parte, em que nem remates fizemos. Na segunda parte todos fizemos algo de diferente e conseguimos dar uma resposta. Relativamente ao resultado, assumo as responsabilidades, tal como sempre faço. Ainda não vencemos em casa e não podemos aceitar isto. Não estou nada contente com este resultado, mas estou muito contente com o que aí vem. Porque vem aí uma paragem. Na segunda parte tivemos a entrada de jogadores a demonstrarem que querem agarrar oportunidades e a vantagem do Casa Pia neste momento é ter um plantel mais forte do que terminou a época passada. Há gente com muita fome. Estamos em crescimento e depois do fecho do mercado é com este plantel que vamos trabalhar.
Tiago Margarido (Nacional)
É uma vitória importante para nós, fundamentalmente para nos fazer acreditar no que estamos a trabalhar desde o primeiro dia. O projeto é muito semelhante ao do ano passado, em que incluímos muitos jogadores novos, e é preciso algum tempo de trabalho. A equipa está a demonstrar melhorias e hoje isso traduziu-se em pontos. A equipa foi dominadora na primeira parte, procurou ter bola e explorar as costas da linha defensiva do Casa Pia, que estava bastante alta, e pressionámos para tirar o Casa Pia da zona de conforto. A vantagem ao intervalo era justa. Na segunda parte precisávamos de ter mais bola. A equipa preocupou-se muito com os pontos. Mas isso é um passo que temos de dar, ou seja, mesmo em vantagem, manter a identidade e querermos chegar à frente.
As notas dos jogadores do Casa Pia:
Patrick Sequeira (5), João Goulart (4), José Fonte (5), Duplexe Tchamba (5), Larrazabal (5), Iyad Mohamed (4), Seba Pérez (5), Fahem Benaissa (6), Jérémy Livolant (6), Max Svensson (5), Korede Osundina (4), André Geraldes (5), Renato Nhaga (5), Tiago Morais (6), Kevin Prieto (5) e Cassiano (5).
As notas dos jogadores do Nacional:
Lucas França (5), João Aurélio (6), Léo Santos (6), Zé Vítor (6), José Gomes (6), Matheus Dias (6), Liziero (6), Labidi (5), Paulinho Bóia (7), Jesús Ramírez (7), Witi (5), Filipe Soares (5), Martim Watts (5), Ulisses Rocha (-), Nourani (-) e Lucas João (-).
Notícia atualizada às 18h42