
Miguel Oliveira continua sem saber, oficialmente, qual o seu futuro na próxima época. Apesar do contrato por mais um ano, o português sabe que está sob avaliação e que uma cláusula de desempenho poderá colocar em risco a sua continuidade na Pramac Racing. O australiano Jack Miller, por seu lado, acaba contrato mas os seus resultados são mais consistentes.
Nos últimos dias, surgem com mais frequência notícias que apontam Miguel Oliveira como um forte candidato a ocupar uma possível vaga como piloto de testes de uma das equipas de fábrica na grelha do MotoGP. O português corre pela Prima Pramac com material de fábrica da Yamaha e pode suceder ao britânico Cal Crutchlow, piloto de testes da Yamaha desde 2021 e que acaba contrato no final da temporada. Outra das hipóteses levantada é o português seguir como reforço para o programa de testes da Aprilia ou até uma mudança para o Campeonato do Mundo de Superbikes (WSBK) dada a possível saída Jonathan Rea da equipa oficial da Yamaha.
A realidade, porém, é que a decisão ainda não foi anunciada e, o diretor da Pramac Gino Borsoi, explicou numa entrevista à Speedweek.com como está a lidar com a situação deixando vários elogios a Miguel Oliveira.
A lesão de Miguel Oliveira na Argentina, que o obrigou a perder três Grandes Prémios, terá sido prejudicial nesta avaliação. «Foi muito prejudicial para ele e, claro, para a equipa e para a Yamaha. Porque o Miguel não é apenas um ótimo profissional e uma ótima pessoa, eu também gosto muito de trabalhar com ele. Podemos falar abertamente sobre qualquer coisa; ele é muito educado, sabe como se comportar na boxe e consegue conversar com os técnicos. Não há muitos pilotos como ele», elogiou.
«É uma pena o acidente na Argentina, que não foi culpa dele, pois impediu-o de mostrar a sua verdadeira velocidade e contribuir com a sua experiência técnica para a Yamaha. Como piloto, ele é um piloto muito bom e era um dos pilotos de que a Yamaha precisava para desenvolver ainda mais esta moto. Mas as coisas não saíram como esperávamos para nenhum dos lados», explicou Borsoi. «Ele só conseguiu retomar o trabalho após a lesão, está a ficar mais rápido e recuperou o ritmo, mas infelizmente só na metade da temporada», lamentou.
Questionado se Miguel é um piloto que supera os problemas da moto ou se é um piloto que precisa de uma moto bem ajustada para ser rápido, o diretor respondeu: «Eu diria que ele precisa de uma moto bem ajustada para ser rápido.»
Quanto à decisão mais esperada, sobre quem vai ficar na Pramac em 2026, Gino Borsoi explica que a decisão não é simples, mas vai ser tomada em breve. «Neste momento, a coisa mais fácil empurrar a culpa de uns para os outros. Eu digo que a Yamaha decide, e a Yamaha diz que a Pramac decide, e assim continuamos», disse. «É uma decisão conjunta, como era antes, mas existem contratos. Atualmente, existem contratos com os nossos pilotos, e temos um prazo, e até que esse prazo expire, não podemos tomar nenhuma decisão. Por enquanto, temos de esperar para ver o que acontece.»
No paddock, a ideia de que a Yamaha prefere o australiano Jack Miller porque a sua «personalidade» pode obrigar Fabio Quartararo (Yamaha Racing) a sair da sua zona de conforto, tem ganho algum lastro, mas Borsoi não confirma. «Claro, existem outros critérios. Mas não acho que devamos explicar as nossas ideias e as avaliações dos nossos pilotos dessa forma. Isso é algo que precisa ser tratado internamente. Saõ o oposto, e é justamente por essa abordagem diferenciada que Oliveira e Miller foram escolhidos como pilotos para o projeto. Porque queremos uma moto que todos possam pilotar. Se observarmos o desenvolvimento da Ducati, veremos que ela começou como uma moto um tanto desafiadora, que poucos pilotos conseguiam pilotar. Agora, qualquer um que pilote esta moto pode ir rápido. Essa é a filosofia que implementamos desde o início neste projeto com a Yamaha. Duas personalidades completamente diferentes, nem parecidas em caráter nem em estilo de pilotagem. Se ambas conseguem ir rápido, temos uma moto que qualquer um pode pilotar rápido. Yin e yang, pode-se dizer assim», rematou.
A decisão, segundo o próprio, deverá ser anunciada depois das férias de verão que terminam no dia 17 de agosto com o GP da Áustria.