No acelerado xadrez do mercado de transferências do MotoGP, Jorge Martin — agora aos comandos da Aprilia — carrega silenciosamente o peso do mercado de pilotos sobre os ombros. Apesar de as lesões o terem limitado a apenas uma corrida com a equipa italiana na temporada passada, o campeão do mundo em título está ansioso por um novo começo. No entanto, o veterano da indústria Carlo Pernat garante que o próximo grande movimento não depende de Martin — depende, sim, da KTM.

Pernat foi direto: “Não será Martin a decidir o rumo do mercado; tudo girará em torno da KTM.” Até que a marca austríaca defina o seu próprio futuro, ninguém pode prever como ficará o resto da grelha — um único anúncio poderá virar toda a estrutura das equipas de pernas para o ar.

A equação é simples. Se a KTM optar por manter quatro motos em pista em 2026, o alinhamento atual poderá manter-se relativamente estável por pelo menos mais uma época. No entanto, persistem rumores de que a redução para apenas duas máquinas — combinada com uma alegada entrada da Honda no lugar atualmente ocupado pela Tech3 — poderá desencadear uma autêntica dança das cadeiras que todos querem evitar.

Segundo Pernat, Hervé Poncharal, líder da Tech3, começa a demonstrar sinais de desgaste após tantos anos à frente da estrutura e já terá investidores sérios prontos para assumir o controlo da equipa. Contudo, tanto Maverick Viñales como Enea Bastianini continuam contratualmente ligados à KTM, tal como as estrelas de fábrica Pedro Acosta e Brad Binder. Neste cenário, a KTM detém toda a vantagem negocial, pois o desfecho destes contratos condiciona diretamente o restante mercado de pilotos.

Pedro Acosta é, claramente, o elemento central de todo este puzzle — e é amplamente visto como o ativo mais valioso da KTM. Embora o seu contrato se estenda até ao final de 2026, os rumores não param de crescer. A Honda oficial e a equipa Ducati VR46 já estarão a posicionar-se para o tentar atrair. Ainda assim, a imprensa espanhola insiste que o jovem espanhol continuará na KTM pelo menos até ao fim do contrato. Acosta, por sua vez, já deixou o aviso: quer uma moto com calibre de campeonato — caso contrário, começará a olhar para outras opções.

Por agora, a Tech3 continua sob o guarda-chuva da KTM, mas os problemas financeiros persistentes na estrutura austríaca alimentam as suspeitas de que uma reorganização pode estar iminente. E, segundo Pernat, uma reestruturação dessas poderá libertar, de um momento para o outro, vários pilotos de topo que, de outra forma, estariam seguros por contratos já em vigor.

Embora a situação de Jorge Martin continue a gerar manchetes, é a KTM quem verdadeiramente detém o controlo do mercado de pilotos do MotoGP. Uma única decisão da marca austríaca poderá desencadear uma vaga de trocas surpreendentes de contratos e alterar radicalmente a grelha de partida para 2026.