O momento conturbado que o Boavista vive, quando parece cada vez mais provável que tenha de competir nos escalões distritais da AF Porto, fez o verniz estalar na última madrugada, após a Federação Portuguesa de Futebol chumbar a tentativa de inscrição dos axadrezados na Liga 3. 

A claque Panteras Negras, eternamente a maior força de adeptos da equipa da Invicta, instalou-se numa vigília em frente ao Estádio do Bessa por volta da 00h00 deste sábado, em claro protesto à falta de comunicação que o clube e a SAD têm tido com a massa associativa durante estes dias e exigindo explicações por parte do presidente do clube, Garrido Pereira.

Por volta das 14h00 desta tarde, o número de adeptos no local estava a crescer, localizando-se já perto de uma centena e com nomes como Filipe Miranda, antigo candidato à presidência e Álvaro Braga Júnior, antigo presidente da SAD e do clube, no protesto, como sócios. Foi por essa hora que Record chegou ao local para tentar entender quais eram os pontos que a claque queria abordar com o dirigente do emblema axadrezado, encontrando uma massa de adeptos desiludida com a gestão do clube, mas também à procura de ajudar onde podia. 

"Rui Garrido Pereira está a tentar instalar uma desorganização na claque, porque somos os únicos que estamos aqui. Ele está a tentar semear a desordem. Isto mete outras coisas ao barulho e pode mesmo ser caso de polícia", avisou o líder dos Panteras Negras, Nuno Fonseca, mais conhecido como 'Sousa', a Record, afirmando estar "contra a SAD e contra o clube": " Temos um presidente que entrou para aqui a prometer mundos e fundos e que ia salvar o Boavista. Depois, pediu desculpa aos empregados, em reuniões, porque afinal não tinha prometido nada. Nós pedimos uma Assembleia Geral para discutir essas situações, mas a direção anda há muito tempo a dizer que vai marcar e, entretanto, nada."

A marcação desta AG extraordinária, assim como uma clara falta de comunicação entre o clube e a massa adepta foram a principal causa desta vigília. Por volta das 15h00, Rui Garrido Pereira saiu das portas do Estádio do Bessa e dirigiu-se aos elementos da claque. Record assistiu in loco à reunião entre ambas as partes, com os Panteras Negras liderados, em voz, por Nuno Fonseca.

Aí, o presidente do emblema axadrezado explicou que "nenhuma assembleia geral extraordinária podia ser marcada" antes que a SAD apresentasse o Relatório e Contas da última temporada, assim como não poderia ser ele a marcar e sim "a mesa da AG". A claque contrapôs imediatamente, realçando que o "clube não tem tempo" para esperar por tal e a "posição soberana" do presidente deveria servir para aprovar uma AG extraordinária. 

Com a recolha de assinaturas feita por vários sócios, a claque enfatizou que a marcação de uma Assembleia Geral tinha de avançar, salientando que "as duas tentativas anteriores" tinham sido recusadas pela direção: "A mesa da Assembleia disse que queriam marcar e o presidente não quis. Foi o Ralha (Raúl Ralha, Secretário da Mesa da AG). Ele tentou marcar para dia 5 e dia 12 e você disse que não podia ser. Foi dito ao Bruno Guedes e ao Álvaro Braga Júnior, o antigo presidente, que a direção não aceitou."

Desta feita, Garrido Pereira garantiu que uma AG extraordinária ia ser marcada em breve, recolhidas as assinaturas e em caso excecional para resolver esta questão e esclarecimento de dúvidas. O presidente axadrezado prometeu que "até segunda-feira" ia ser anunciado o dia concreto de uma Assembleia, apontado para a provável data de 24 de julho, uma quinta-feira. 

Seguiu-se a desmobilização desta vigília, onde se retirou as tarjas ao redor do recinto boavisteiro e as cadeiras onde estavam sentados alguns elementos no local. Embora o imbróglio esteja longe de ficar sanado, a reunião entre as partes, que ocorreu de forma pacífica, serviu para apaziguar os ânimos dos adeptos, que esperam ver esclarecido o futuro do clube nesta AG a determinar. 

E uma das frases que mais ecoou nesta vigília foi mesmo uma garantia: "O Boavista não vai morrer."