
Cláudio Ramos viveu uma das noites mais especiais da carreira no último domingo, no jogo de estreia do FC Porto no Mundial de Clubes frente ao Palmeiras. Chamado ao onze devido à lesão de Diogo Costa, o habitual segundo guarda-rede da hierarquia portista respondeu com uma grande exibição e brilhou com várias defesas de alto nível de dificuldade. Em entrevista à DAZN, admitiu que quando se deitou na cama após o jogo não foi fácil dormir.
"Já é difícil dormir após um jogo, mas um jogo como no Mundial de Clubes, depois de uma exibição da que fiz, não foi fácil... Mas por emoções boas e quando é assim fica mais fácil", assumiu Cláudio Ramos, explicando depois o segredo para ter sucesso mesmo quando sabe de antemão que a primeira escolha é outro: "O guarda-redes é uma posição muito específica. Quem é guarda-redes sabe que tem que estar preparado para isso, para jogar, porque só joga um. E tem que trabalhar muito, porque quando as oportunidades surgem, temos de estar preparados. Porque elas surgem, e nós sabemos que elas vão surgir mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos frequência. No meu caso, aquilo que eu faço é preparar-me e treinar como se se jogasse, como se eu fosse o número um. Porque para mim eu sou o número um, então tenho que treinar para isso. E sempre treino o meu máximo, sou profissional. Quem descansa bem, quem se alimenta e quem treina bem, quando as oportunidades surgem, temos que as agarrar. É isso que eu tenho feito."
"Feliz e orgulhoso" pelo percurso que Diogo Costa tem trilhado, Cláudio Ramos revelou ainda como é a convivência com o habitul titular da baliza do FC Porto. "Nós falamos muito, analisamos os jogos... Este por acaso ainda não falamos muito, que o Diogo anda mais ocupado em tratamentos e isso, mas durante a época nós falamos muito dos jogos, como é que ele esteve, como é que não esteve, como é que eu estive quando jogo, porque é que fizeste isso aqui, se tens feito aquilo ali... Analisamos muito os nossos jogos um com o outro e com o Samuel e isso permite-nos também crescer e sermos melhores. O Diogo chegou ao fim do jogo [com o Palmeiras] e deu-me um grande abraço e os parabéns pela exibição que fiz e senti genuinamente que ele estava muito feliz por mim", referiu o camisola 14 dos dragões.
Tanto antes como depois do encontro com o Palmeiras, vários jogadores do FC Porto vincaram a sua confiança em Cláudio Ramos e, mais do que as palavras, o guarda-redes sente isso diariamente dentro de campo. "O que mais força me deu e mais confiança me dá é eu saber que os meus colegas também confiam em mim. Apesar do Diogo estar lesionado, e sabemos a qualidade que o Diogo tem, a dimensão que ele tem, a importância que ele tem para nós, mas eu sentir que, apesar do Diogo não estar, a minha equipa confia em mim, os meus colegas confiam em mim, isso dá-me uma tranquilidade enorme", frisou Cláudio Ramos, ciente de que muito deste respeito é conquistado graças ao exemplo que ele dá diariamente aos colegas de equipa.
"Sempre fui profissional. Claro que com a idade e com o tempo nós vamos sendo mais profissionais ainda e vamos tendo mais cuidados. E também queremos dar um exemplo. A malta mais nova tem que olhar para nós e dizer 'não, se o Cláudio com 30 tal anos e não joga chega de manhã, eu que jogo e que sou o protagonista e que sou importante, tenho que chegar também'. Isso é um exemplo importante para eles e espero que eles olhem dessa forma", considerou o guardião, deixando ainda uma mensagem aos mais novos sobre como é importante manter os pés no chão.
"A malta está a aparecer mais cedo, vemos os casos do Mora, do Yamal, etc. Malta com 16 e 17 anos já está a jogar grandes competições e a ganhar grandes títulos. É importante que alguém mais velho, porque nós também não sabemos o suporte familiar que cada pessoa tem, e há muita gente que se calhar não o tem, mas é muito importante para eles também perceberem que 'ok, calma, tu estás com 17 anos, estás num bom momento, estás a fazer grandes jogos, estás com toda a gente do mundo do futebol atrás de ti, mas calma que isto de um momento para o outro pode mudar'. E acho que isso também é um trabalho da malta mais velha, dos treinadores e da direção, explicar-lhes e fazê-los perceber que é preciso calma e que há um caminho longo pela frente. Desfruta do momento, desfruta do que estás a fazer, da tua idade, de tudo, claro que é normal cometeres alguns erros, ao longo da época temos alguns erros da malta por ser jovem, por ser irreverente, e é o momento, é desfrutar do momento, aprender com os erros, mas é importante também puxá-los um bocadinho para baixo, puxá-los um bocadinho à terra", referiu.