‘Certamente perdi muito tempo com a batalha’, admitiu Morbidelli, tocando numa das grandes dilemas do desporto motorizado: quando vale a pena lutar e quando vale a pena calcular?

O italiano sabia que a sua guerra épica com Aldeguer lhe custou a possibilidade de atacar Pedro Acosta pelo quarto lugar. ‘Podíamos ter-nos aproximado do Pedro’, reconheceu, mas havia algo na sua voz que sugeria que não se arrependia da escolha.

Esta é a beleza cruel do MotoGP: não há escolhas óbvias. Deixar Aldeguer passar seria estrategicamente mais inteligente, pouparia pneus, permitiria um ataque mais calculado a Acosta. Mas seria também uma capitulação, um reconhecimento de que o rookie espanhol era mais forte naquele momento.

Morbidelli escolheu a honra sobre a estratégia, a batalha sobre o cálculo. Escolheu dar espetáculo aos adeptos mesmo sabendo que isso lhe custaria posições no final. ‘Mas é assim que é’, disse, com a resignação de quem sabe que no MotoGP, algumas decisões transcendem a lógica.

O sumo desta história não está no resultado final, mas na escolha. Numa era onde tudo é analisado, calculado, otimizado, Morbidelli lembrou-nos que o desporto, no seu cerne mais puro, é sobre momentos onde a paixão supera a razão.

A diferença entre Morbidelli e Marc Márquez em Silverstone? ‘Com o Marc, não consegui vencê-lo. Com o Fermin, consegui.’ Simples, direto, honesto. Às vezes, no MotoGP, a única vitória que importa é aquela que se consegue no momento, independentemente do que isso custa no final.