Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice tecnológico desvalorizou 3,07%, o alargado S&P500 perdeu 2,24% e o seletivo Dow Jones recuou 1,73%.

Já dominado pela tendência de baixa na abertura, o mercado agravou o sentido descendente, depois de os investidores conhecerem as afirmações do presidente da Fed, Jerome Powell, que considerou que as taxas alfandegárias de Donald Trump colocam o banco central perante "uma situação complicada, na qual os dois objetivos (da instituição) estão em tensão".

O mandato da Fed tem duas componentes, em pé de igualdade, a de manter a taxa de inflação próxima do seu objetivo de longo prazo (dois por cento em ritmo anual) e assegurar condições económicas propícias a uma situação de pleno emprego.

Powell "transformou o que estava a ser uma sessão de baixa moderada em uma queda espetacular", considerou Jack Albin, da Cresset Capital, em declarações à AFP.

Durante um evento do Clube de Economia de Chicago, Powell disse que "as taxas alfandegárias vão causar pelo menos uma subida temporária da inflação", com a possibilidade de "os efeitos inflacionistas serem igualmente persistentes".

Christopher Low, de FHN Financial, acentuou que "a dimensão das taxas alfandegárias ultrapassou tudo o que a Fed modelizou".

O índice de volatilidade (VIX), também conhecido como o índice do medo, que mede o nervosismo dos investidores, subiu mais de 10 pontos percentuais.

Por outro lado, o setor dos semicondutores, já afetado pela guerra comercial lançada por Trump, afundou-se ainda mais depois do discurso de Powell.

Os conglomerados do setor Nvidia e AMD chegaram a estar a perder mais de 10% durante a sessão, antes de fecharem respetivamente com recuos de 6,87% e 7,35%.

"A angústia da guerra comercial (...) regressou com as medidas tomadas por Pequim contra a Boeing e a obrigação imposta por Washington à Nvidia de ter de obter licenças de exportação para poder exportar os seus 'chips'" para a Chine e outros países, comentou Marc Chandler, da Bannockburn Global Forex.

Em documento transmitido à reguladora do mercado bolsista (SEC, na sigla em Inglês), a Nvidia detalhou que o governo dos EUA a informou na semana passada que passaria a ter de pedir uma licença para poder exportar alguns 'chips' utilizadas na inteligência artificial para a China e outros países.

A China, que tem respondido sistematicamente às sobretaxas alfandegárias que lhe são impostas pelos EUA, suspendeu qualquer receção de aviões fabricados pelo construtor norte-americano Boeing.

 

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