Num comunicado divulgado na página de Facebook da associação, a PLATEIA começa por apontar que "repudia a situação de despedimento no Teatro Maria Vitória" e que, pelas declarações públicas do proprietário do teatro lisboeta, "é identificado um caso de transfobia".

Em causa está uma mulher que acusou o dono da casa de espetáculos de transfobia, ao tê-la despedido pelo único motivo de ser uma pessoa trans, acusações que Helder Costa negou, mas que um elemento da produção corroborou.

Enquanto associação salienta que "promove a discussão e intervenção nas políticas culturais do setor e na defesa dos direitos dos profissionais das artes" e defende que este tipo de casos não pode ser ignorado pelo setor, sob pena de serem normalizados.

"A PLATEIA pede um esclarecimento público da direção do Teatro Maria Vitória, acompanhado de um pedido de desculpas formal à trabalhadora que foi alvo desta situação", lê-se no comunicado publicado hoje.

A associação termina referindo que incentiva a diversidade na composição das equipas nas instituições culturais e que defende "a inclusão de pessoas que se identifiquem com subgrupos representados no setor, independentemente da identidade de género, orientação sexual, origem étnica, deficiência ou necessidade especifica, religião, etc".

O despedimento da mulher trans aconteceu em finais de março deste ano, depois de apenas três dias de trabalho.

Em declarações à agência Lusa, Íris Redol, 26 anos, contou que foi trabalhar para o teatro lisboeta em 26 de março, como assistente de camarim, por indicação de uma amiga que tinha trabalhado no Maria Vitória nessas mesmas funções e que ela iria substituir.

Para Íris, o momento que terá determinado o seu despedimento acontece na última sessão da revista à portuguesa em que trabalhou, quando vai ao camarim do ator Paulo Vasco e se cruza com o dono do teatro, Helder Costa.

É logo depois deste encontro que recebe o telefonema para que não volte ao teatro e ouve que o responsável não aceitava que ela fosse uma mulher, recusava-se a tratá-la por Íris e que não a queria a trabalhar no Maria Vitória.

Contactado pela agência Lusa, o dono do teatro Maria Vitória negou as acusações e disse não querer ver o seu nome "misturado em tricas", apontando que Íris não trabalhava no teatro.

Segundo Helder Costa, a decisão de dispensar Íris teve a ver com o facto de não ter tido conhecimento da sua contratação e de qualquer contratação ter de ter a sua autorização. Disse desconhecer quem tenha dado autorização para que Íris Redol começasse a trabalhar no teatro.

Recusou liminarmente que a sua decisão tenha tido a ver com o facto de Íris ser uma mulher trans. No entanto, um elemento da produção com quem a Lusa falou, mas que pediu anonimato, garantiu que esse foi o motivo do despedimento.

Na conversa com a Lusa, Íris Redol disse estar a ponderar apresentar queixa e a informar-se de tudo o que será necessário para o fazer.

SV // JMC

Lusa/Fim