O ataque à maior base militar dos EUA no Médio Oriente desencadeou uma chuva de críticas dos países da região, incluindo do Catar, país onde se situa a base aérea de Al Udeid, bombardeada esta segunda-feira pelas forças iranianas.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Catar, Majed Al Ansari, condenou, através de uma publicação na rede social X, a “flagrante violação da soberania do Estado do Catar, do seu espaço aéreo, do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”.

“Afirmamos que o Catar se reserva o direito de responder diretamente de maneira equivalente à natureza e à escala desta agressão descarada, em conformidade com o direito internacional.” O responsável do Catar disse ainda que "as defesas aéreas” do país conseguiram intercetar os mísseis iranianos.

Ameaça às “relações de vizinhança”

Já a Arábia Saudita condenou “com veemência” esta resposta iraniana ao ataque dos EUA, no fim de semana, referindo-se-lhe como uma “flagrante violação do direito internacional e dos princípios das relações de vizinhança”. Em comunicado, o MNE saudita sublinhou o seu “apoio ao Estado irmão do Catar”.

A Arábia Saudita, que tem vindo a estreitar laços com o Irão, depois de várias anos de rivalidade, não hesitou em demonstrar o seu apoio ao Catar, país com o qual faz fronteira.

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) também consideram este ataque “uma flagrante violação da soberania e do espaço aéreo do Catar e uma clara violação do direito internacional e da Carta da ONU”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros dos EAU fez saber que o país rejeita, “categoricamente, qualquer ataque que ameace a segurança do Catar e comprometa a segurança e a estabilidade da região”.

“Ponto de viragem perigoso”

A diplomacia iraquiana também emitiu, através de comunicado, que está a acompanhar com “profunda preocupação a perigosa e acelerada escalada na região”. “O Iraque tem vindo a alertar há muito tempo” para este tipo de acontecimento que acarreta “graves riscos para a segurança e a estabilidade de toda a região", disse ainda o MNE iraquiano, citado pela Al Jazeera.

A escalada do conflito “representa um ponto de viragem perigoso e sem precedentes”, que aumenta os receios de uma “expansão do conflito” para outras geografias na região, reiterando que “as crises regionais só podem ser resolvidas por meio do diálogo” e deixando um “apelo à contenção”.

Egito, Jordânia, Bahrein, Kuwait, Omã e Líbano também expressaram o seu apoio ao Catar após os ataques à base militar americana nos arredores da capital, Doha.

Omã referiu-se à escalada regional “desencadeada pelo ataque ilegal de mísseis de Israel” a 13 de junho, bem como ao ataque do Irão ao Catar, escreveu o “Washington Post”. Já o Bahrein, que emitiu alertas e encerrou temporariamente o seu espaço aéreo como medida de precaução, na segunda-feira, afirmou que os países que compõem o Conselho de Cooperação do Golfo — Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Catar, Bahrein e Omã — estavam unidos “nestes tempos de fragilidade”.