
Um avião da Air India despenhou-se esta quinta-feira pouco depois da descolagem, junto ao aeroporto da cidade indiana de Ahmedabad. A bordo seguiam 242 pessoas — 230 passageiros e 12 elementos da tripulação. A companhia aérea confirmou a morte de 241 ocupantes, havendo apenas um sobrevivente, que está a ser tratado num hospital local.
A dimensão da tragédia é ainda maior. De acordo com a polícia, o número de vítimas mortais subiu para pelo menos 290, uma vez que o avião caiu sobre uma zona residencial. Habitantes que viviam nas imediações do aeroporto também perderam a vida, atingidos por estilhaços do Boeing 787-8 Dreamliner.
"A aeronave caiu pouco depois da descolagem. Lamentamos informar que, das 242 pessoas a bordo, estão confirmadas 241 mortes. O único sobrevivente está a ser tratado num hospital", confirmou a Air India num comunicado partilhado no X.
Segundo dados avançados pela Reuters, entre os passageiros seguiam 217 adultos, 11 crianças e dois bebés. Entre eles, estavamsete cidadãos com nacionalidade portuguesa, todos residentes fora do país. Nenhum era menor de idade. O secretário de Estado das Comunidades, Emídio Sousa, confirmou a informação à margem das cerimónias do aniversário da adesão de Portugal à CEE.
Luís Montenegro lamentou na rede social X as vítimas do acidente. "Foi com profunda consternação que tomei conhecimento do trágico acidente de aviação na Índia, no qual seguiam 7 cidadãos com nacionalidade portuguesa. Em meu nome e do Governo, quero expressar votos de pesar e profunda solidariedade para com os familiares das vítimas", escreve.
O avião dirigia-se a Londres, confirmou a companhia aérea, tendo o acidente ocorrido quando estava a descolar.
Para além dos sete portugueses, seguiam na aeronave 169 cidadãos indianos, 53 cidadãos britânicos e um cidadão canadiano. O único sobrevivente trata-se de um cidadão britânico, de origem indiana.
O voo AI171 da Air India tinha como destino Londres Gatwick e descolou às 13h39 (hora local). Pouco depois, o piloto declarou emergência ao controlo de tráfego aéreo, mas a aeronave deixou de responder. A Direção-Geral da Aviação Civil (DGCA) da Índia confirmou que o avião se despenhou sobre uma área chamada Meghani Nagar, atingindo diretamente o refeitório da residência universitária do B.J. Medical College.
Cinco estudantes de medicina morreram e cerca de 50 ficaram feridos nesse local, segundo a Federação das Associações Médicas de Toda a Índia. “Alguns dos feridos estão em estado crítico. Estamos em contacto com os nossos colegas no hospital, que procuram outras pessoas que possam estar soterradas nos escombros”, afirmou Divyansh Singh, vice-presidente da federação, à agência Associated Press.
Imagens do acidente mostram os destroços em chamas, com fumo negro espesso a subir para o céu perto do aeroporto.
Também o aeroporto de Gatwick confirmou, na rede social X, que o voo AI171 deveria aterrar em Londres às 18:25.
A Flightradar diz ter recebido o último sinal do avião poucos segundos após a descolagem. “Estamos cientes dos primeiros relatos e estamos a trabalhar para recolher mais informações”, diz a Boeing em comunicado.
O Ministro da aviação indiano, em reação ao acidente, afirma que o país está “em alerta máximo” e que “foram mobilizadas equipas de salvamento”. "Estou a acompanhar pessoalmente a situação e dei instruções a todas as agências de aviação e de resposta a emergências para que tomem medidas rápidas e coordenadas", diz.
“Os nossos pensamentos e profundas condolências vão para as famílias e entes queridos de todas as pessoas afetadas por este acontecimento devastador”, afirma o presidente da Air India, Natarajan Chandrasekaran, num comunicado publicado no X. "Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para ajudar as equipas de resposta a emergências no local e para prestar todo o apoio e cuidados necessários às pessoas afetadas", acrescentou, garantindo que "serão partilhadas mais actualizações" à medida que a companhia receba mais informações verificadas. "Foi ativado um centro de emergência e foi criada uma equipa de apoio às famílias que procuram informações", informa.
Também o Primeiro-Ministro do Reino Unido, Keir Starmer, reagiu ao acidente, dizendo que os seus pensamentos estão com os passageiros e as famílias dos que se encontravam no voo da Air India, classificando as imagens como "devastadoras". “Estou a ser informado da evolução da situação e os meus pensamentos estão com os passageiros e as suas famílias neste momento profundamente angustiante", afirmou.
Ações da Boeing afundam
As ações da Boeing recuam mais de 8%, ao final da manhã, após o acidente, reacendendo preocupações sobre o histórico recente da empresa com problemas de segurança, sobretudo na linha 737
Este modelo, lançado há 14 anos, tinha recentemente atingido a marca simbólica de mil milhões de passageiros transportados. A frota global de 787, composta por mais de 1.175 aviões, acumulava quase cinco milhões de voos e mais de 30 milhões de horas de voo. O acidente representa um novo revés para a Boeing, que tem enfrentado dificuldades prolongadas, nomeadamente com os seus programas 737.
A gestão desta nova crise está também a ser vista como um teste decisivo para o CEO Kelly Ortberg, prestes a completar um ano no cargo. O acidente desta quinta-feira é o primeiro desastre aéreo com mortos a envolver o modelo 787-8 Dreamliner.