
Quase metade do tempo que estamos acordados é passado em contexto laboral. Trabalhamos por necessidade, por vocação, em busca de reconhecimento ou por um propósito maior.
Em Portugal trabalhamos, em média, 38 horas semanais mas em comparação com os restantes países da UE somos dos menos produtivos. E se o combustível da produtividade fosse a felicidade?
Os estudos apontam nesse sentido: trabalhadores felizes são mais produtivos, empenhados e inovadores. Ricardo Costa, o empresário português com mais seguidores no Linkedin e CEO do Grupo Bernardo da Costa, defende que o caminho passa por lideranças humanizadas.
Em 2014 Ricardo Costa criou o primeiro Departamento da Felicidade numa empresa portuguesa. Além de prestar apoio a todos os colaboradores, gere todos benefícios que nesta empresa vão da flexibilidade de horários, ao seguro de saúde, passando por um serviço de engomadoria.
Para José Teixeira, presidente do conselho de administração do DST Group, a cultura tem tanto valor como o betão que constrói casas, estradas e pontes. Há mais de quatro décadas que o mecenato cultural faz parte do programa de responsabilidade social da empresa.
E é através de todas formas de arte que os trabalhadores são desafiados a serem mais produtivos e inovadores.
A empresa de construção civil oferece, em horário laboral, aulas de Filosofia e Neurociências. E patrocina licenciaturas, mestrados e doutoramentos dos trabalhadores. A formação é uma forte aposta, bem como o incentivo à leitura. Ao ponto de haver pequenas bibliotecas nos estaleiros das obras.
O bem-estar é cada vez mais valorizado, sobretudo pelas gerações mais jovens, que já não vivem para trabalhar, antes trabalham para viver. No Lionesa Business Hub, em Leça do Balio, as empresas procuram atrair e reter talento através de práticas de gestão cada vez mais voltadas para as pessoas.
Em Portugal existe desde 2023 uma norma para a gestão do bem-estar e felicidade organizacional. É uma espécie de guião para as empresas, com orientações sobre o que devem fazer para que nos locais de trabalho as pessoas se sintam bem a nível físico, mental e emocional. Destina-se a todo o tipo de organizações e empresas, públicas ou privadas, que depois de auditadas podem ser certificadas.
A norma foi elaborada por uma comissão técnica e publicada em 2023 pelo Instituto Português da Qualidade. Ausenda Oliveira acredita que "tem um potencial enorme para fazer o bem em Portugal e no Mundo".
Por agora, há apenas três entidades certificadas no país. A primeira foi a Águas de Santarém, uma empresa municipal de gestão privada, que tem como clientes os 58 mil habitantes do concelho.
As empresas que se preocupam com o bem-estar e a felicidade dos colaboradores conseguem atrair talento e reduzir fatores de risco, como o absentismo, os despedimentos voluntários, os acidentes de trabalho e o burnout.
Mas a felicidade no trabalho não depende apenas dos patrões e das chefias diretas. Uma parte da responsabilidade é também dos trabalhadores. Afinal, quase metade do tempo que estamos acordados é passado a trabalhar. É demasiado tempo para não se estar bem.
Ficha Técnica:
Jornalista: Susana Bastos
Imagem: João Pedro Tiago
Edição: António Soares
Grafismo: Cláudia Ganhão
Pós-produção áudio: Octaviano Rodrigues
Pós-produção vídeo: Jorge Carmo
Produção Editorial: Diana Matias
Coordenação: Miriam Alves
Direção: Marta Brito dos Reis e Bernardo Ferrão