Os Países Baixos declararam na segunda-feira 'persona non grata' dois ministros israelitas, o da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o das Finanças, Bezalel Smotrich, anunciou o chefe da diplomacia holandês. "O governo decidiu declarar os ministros israelitas Smotrich e Ben-Gvir 'persona non grata' e comprometeu-se a registá-los enquanto estrangeiros indesejáveis no sistema de registo Schengen SIS", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Caspar Veldkamp, numa nota divulgada à imprensa. Estes dois ministros "têm incitado à violência dos colonos contra a população palestiniana, promovem constantemente a expansão das colónias ilegais e apelam a uma limpeza étnica na Faixa de Gaza", acrescentou.

Os Países Baixos tinham apoiado em junho a iniciativa sueca que visava sancionar estes ministros no Conselho dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, mas que não teve unanimidade. São agora o segundo Estado europeus, depois da Eslovénia, a sancionar Smotrich e Ben-Gvir, ministros-chave do governo de Benjamin Netanyahu. Em junho, a Austrália, o Canadá, o Reino Unido, a Nova Zelândia e a Noruega impuseram sanções similares.

Smotrich esteve entre os que promoveram uma reunião pública no parlamento, em Jerusalém, para discutir um plano que visa transformar a Faixa de Gaza numa "Riviera", quando a população deste território palestiniano está sujeita a uma fome extrema, causada voluntariamente pelos israelitas.

Na carta, Caspar Veldkamp manifestou a intenção dos Países Baixos "aliviarem o sofrimento da população de Gaza" e examinar as possibilidades de contribuição para a ajuda. "Os lançamentos aéreos de alimentação são um instrumento de ajuda relativamente caro e arriscado... Razão pela qual os Países Baixos estão a tomar medidas para mais a assistência terrestre."

Cerca de 2,4 milhões de palestinianos estão cercados na Faixa de Gaza por Israel. Nas últimas semanas, a ONU e várias organizações não governamentais têm alertado para o risco de fome generalizada no território. Largadas de ajuda recomeçaram a ser feitas no domingo, depois de Israel ter declarado pausas nas operações militares em alguns setores.

O ministro dos Países Baixos indicou também que se Israel não cumprir as suas obrigações humanitárias, o seu governo vai propor a suspensão da parte comercial do acordo de associação entre a União Europeia e Israel.

"Esta suspensão vai ser também utilizada para lembrar a Israel que tem de respeitar as suas obrigações estipuladas no Direito Internacional Humanitário", prosseguiu Velkamp, que qualificou a situação como "intolerável e indefensável".

Depois de uma conversa telefónica com o presidente israelita, Isaac Herzog, o primeiro-ministro neerlandês, Dick Schoof, indicou esta terça-feira na sua conta na rede social X que o objetivo do governo era "perfeitamente claro". Como disse, "os habitantes de Gaza devem ter um acesso imediato, sem entraves e com toda a segurança, à ajuda alimentar. Por sua vez, o Hamas deve cooperar plenamente para garantir o acesso da população em sofrimento em Gaza à ajuda humanitária".