Em declarações aos jornalistas no final de uma visita da ministra da Saúde Ana Paula Martins, que não prestou declarações, e que inaugurou oficialmente a nova maternidade daquele hospital, que tem vindo a ter uma abertura faseada desde agosto, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Carlos Martins, recordou que as obras realizadas não foram "um processo fácil", com impacto na atividade do hospital, no bem-estar dos profissionais e doentes e no atendimento das grávidas na região de Lisboa.

A abertura faseada do resultado de um investimento de seis milhões de euros era não só uma questão de "respeito pelo erário público" e pelas mulheres e suas famílias, mas também a forma de garantir uma curva de crescimento no funcionamento em direção à normalização do serviço.

Com os profissionais já afetos a este serviço, Carlos Martins não espera constrangimentos e encerramentos semelhantes aos que têm afetado outras urgências e serviços de ginecologia e obstetrícia em hospitais, sobretudo na região de Lisboa.

"Nós estamos a cumprir a nossa missão. (...) Os números que temos neste momento, à volta de oito partos por dia, apontam-nos para chegarmos ao final do ano com 2.616 partos, ou 2.650 partos, o que está acima das expectativas [de 2.500 partos]. A questão aqui não são os números, a questão aqui é que todos os dias, dia após dia, fim de semana após fim de semana, consigamos dar resposta às mulheres que nos procuram e às suas famílias, designadamente na urgência, mas também no bloco de partos", disse.

O responsável do Hospital de Santa Maria disse que "até agora o planeamento tem resultado bem" e que a preocupação é chegar a 30 de junho com um total de profissionais assegurado que garanta férias e fins de semana sem problemas nas escalas.

"Obviamente que estamos sempre disponíveis para funcionar em rede, nós próprios já precisámos da rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante muitos meses e, portanto, agora somos nós que temos que estar cá para trabalhar em rede com os outros hospitais, designadamente os que estão mais próximos e que têm constrangimentos em termos do seu funcionamento noturno ou de fim de semana", disse o presidente do conselho de administração.

Carlos Martins diz que a maternidade do hospital tem, entre as várias carreiras, um total de 270 profissionais, estando a ultimar a contratação de mais dois médicos especialistas, já autorizada pelo Governo, e a preparar a abertura de mais seis vagas, para além de cerca de mais 70 enfermeiros.

O objetivo deste serviço é ter afetos 300 profissionais, acrescentou.

O departamento deverá ainda ter obras de modernização na área de internamento, mas sem que isso obrigue a encerrar serviços.

"Estamos muito confiantes, temos dado o nosso contributo em situações mais difíceis, agora estamos a dar um contributo à área metropolitana de Lisboa e ao SNS, com condições de excelência", disse, sobre a maternidade Luís Mendes Graça, médico que foi diretor daquele departamento e que marcou hoje presença na inauguração.

No início da visita de hoje a ministra da Saúde inaugurou ainda a nova Unidade de Transplante de Medula Óssea, que vai permitir ao hospital "dar um grande salto em frente, designadamente por diferenciação no transplante", melhorando também as condições de trabalho dos profissionais e bem-estar dos doentes, sublinhou Carlos Martins.

A nova Maternidade foi inaugurada pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que era presidente do Hospital Santa Maria quando as obras de requalificação e expansão da maternidade começaram, em agosto de 2023.

As obras geraram controvérsia, que levou à saída de vários especialistas devido a preocupações com as condições laborais e assistenciais.

Segundo a instituição, trata-se de "um projeto estratégico para a ULS Santa Maria e para toda a região sul do país, que passará a deter a maior e mais diferenciada maternidade do país, no Hospital de Santa Maria".

Com a nova maternidade, a capacidade de resposta à mulher grávida, ao recém-nascido, acompanhantes e profissionais de saúde será reforçada, permitindo a realização de 4.500 partos por ano, mais 1.500 do que anteriormente.

IMA (HN) // CMP

Lusa/fim