Os copatrocinadores de um "revolucionário" novo pacote bipartidário de sanções norte-americanas à Rússia apresentaram-no quinta-feira aos aliados europeus e à Ucrânia, visando concertar esforços para forçar Moscovo a negociar a paz.

O projeto de lei apoiado pelo senador republicano Lindsey Graham e pelo senador democrata Richard Blumenthal contempla uma tarifa de 500% sobre os produtos importados de países que continuam a comprar à Rússia petróleo, gás, urânio e outros produtos --- visando nações como a China e a Índia, que representam cerca de 70% do comércio de energia russo e financiam grande parte do seu esforço de guerra.

Graham e Blumenthal disseram à Associated Press, em Roma, que esperam levar a legislação a votação no Senado antes da suspensão dos trabalhos em agosto.

Afirmaram ainda estar convencidos de que isso daria ao Presidente Donald Trump as ferramentas e a flexibilidade de que necessita para forçar o presidente russo, Vladimir Putin, a negociar o fim da guerra.

"Estamos a ir atrás da base de clientes dele (Putin). E é com isso que os europeus, penso eu, estão mais satisfeitos", disse Graham.

"Esta não é apenas uma espécie de continuação da nossa estratégia atual. É um verdadeiro ponto de viragem", afirmou Blumenthal.

"É uma verdadeira mudança de jogo porque diz a Putin: 'Vamos atingi-lo mesmo onde dói'", adiantou.

No dia em que começou, em Roma, a IV Conferência sobre a Recuperação da Ucrânia, copresidida pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e por Volodymyr Zelensky, teve lugar, no Reino Unido, uma reunião da coligação de países aliados de Kiev empenhados em ajudar a manter a capacidade de combate da Ucrânia e disponíveis para participar numa futura força de manutenção de paz após um cessar-fogo.

A reunião de Londres foi copresidida pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, que por essa razão não se deslocaram a Roma na quinta-feira.

Na reunião de Londres participaram, por videoconferência, várias delegações presentes na Conferência de Roma, destacando-se a participação dos Estados Unidos - ausentes de encontros anteriores -, através do enviado para a Ucrânia, Keith Kellogg, e dos senadores Lindsay Graham e Richard Blumenthal, que defenderam as sanções drásticas contra a Rússia.

"Penso que demos à Ucrânia e aos europeus o incentivo de que os Estados Unidos e o Congresso estavam envolvidos de forma bipartidária", disse Graham à AP.

"Queremos dar poder ao presidente para levar Putin à mesa das negociações e com ferramentas que não tem hoje", adiantou

O Congresso está preparado para agir sobre a legislação, que tem um apoio bipartidário esmagador no Senado, mas está à espera de luz verde de Trump, que, até agora, manifestou algumas reservas.

Trump quer autoridade total sobre o processo para suspender sanções, tarifas ou outras penalizações, sem ter de ceder o controlo ao Congresso.

De acordo com o projeto de lei inicial, o presidente "pode terminar" as penalizações em determinadas circunstâncias, e voltar a impô-las imediatamente se as violações forem retomadas, mas a legislação continua a evoluir.

Quer o líder da maioria republicana no Senado, John Thune, quer o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, já sinalizaram estar prontos a avançar com a legislação na câmaras alta e baixa do Congresso, respetivamente.

Embora Thune tenha dito que o projeto de lei sobre sanções tem um apoio bipartidário "tremendo", Johnson reconheceu que ainda é um trabalho em curso, enquanto a Casa Branca se envolve no processo.

"Estamos a trabalhar com a administração e com a Câmara para tentar colocá-lo num formato que esteja pronto", disse.

Ainda é "uma questão em aberto" se isso vai acontecer nas próximas semanas, "mas estou esperançado de que possamos", adiantou.