
Após uma audiência com o Presidente da República no Palácio de Belém, que durou menos de uma hora, o deputado único do Juntos Pelo Povo, Filipe Sousa, disse que o partido não fechará a porta a um processo de revisão constitucional e defendeu o "reforço dos poderes autonómicos" e a extinção do cargo de Representante da República nas Regiões Autónomas.
"Nós já temos maturidade política suficiente e democracia suficiente para que o Estado reconheça de uma vez por todas que nós somos ilhéus, com todos os constrangimentos a eles associados, mas não precisamos de ninguém a vigiar-nos", atirou, depois de apelidar os Representantes da República como "polícias".
Nesta audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, o partido com sede na Madeira, que se vai estrear no parlamento nesta legislatura, defendeu também uma "nova organização administrativa do país", a que o Presidente terá reagido, disse Filipe Sousa, com satisfação.
O deputado único do JPP reconheceu que o poder reivindicativo do partido "ainda é curto", mas que têm como missão "fazer sentir que o centralismo de Lisboa em nada beneficia" as regiões autónomas.
O madeirense criticou ainda o PCP por ter anunciado que irá apresentar uma moção de rejeição ao próximo Governo, considerando que essa decisão dos comunistas é "um tiro no pé".
Filipe Sousa garantiu também que o partido não será obstáculo ao futuro Governo e quer "criar pontos de diálogo, de tolerância e de proximidade" e que será o deputado de todo o país e não só dos madeirenses.
O recém-eleito pelo círculo da Madeira disse, por exemplo, já ter contactado produtores de vinho do Douro sobre os problemas no setor e assegurou que, logo após a tomada de posse, irá visitar o Peso da Régua para dar voz aos problemas da região.
"Se o vinho morre na parreira, e se o país aceita a importação de aguardente de Espanha para o fabrico do vinho português, algo está mal", lamentou.
O JPP, nascido de um movimento de cidadãos na Madeira, tornou-se no dia 18 de maio no primeiro partido com sede fora de Lisboa a eleger um deputado para o parlamento português.
O Juntos Pelo Povo (JPP) concorreu pela quinta vez consecutiva a eleições legislativas nacionais desde que foi constituído como partido, em 2015, e viu concretizada a sua expectativa com a eleição de Filipe Sousa, impulsionado pelo resultado que obteve em março na Madeira.
Filipe Sousa foi o cabeça de lista pelo círculo da Madeira, que elege seis deputados à Assembleia da República, e será agora deputado, com 12,32% dos votos do arquipélago.
TYRS (DC/ROC) // JPS
Lusa/Fim