O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso lembrou hoje o Papa Francisco pela sua compaixão e tolerância, sublinhando que foi alguém que "teve uma mensagem que ultrapassou muito a dimensão dos católicos".

Em declarações aos jornalistas à margem de uma participação numa conferência sobre defesa na Amadora, Lisboa, o antigo primeiro-ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, lembrou as impressões que trocou com o Papa Francisco, sublinhando a sua "imagem de compaixão, de grande tolerância".

"Foi alguém que teve uma mensagem que ultrapassou muito a dimensão dos católicos, dos cristãos, ou até dos crentes em geral, é uma imagem de compaixão, de tolerância, de identificação com cada pessoa, independentemente do credo religioso, independentemente de qualquer outra circunstância, eu acho que é uma perda obviamente para a Igreja Católica e é uma perda também para o mundo", disse.

Durão Barroso salientou que o mundo hoje está "muito fragmentado" e nele "predomina a lógica dos interesses e da brutalização da política", precisando de "vozes com grande autoridade espiritual" e "maior atenção aos valores, não apenas aos interesses".

Questionado sobre as suas interações com o Papa Francisco enquanto esteve à frente do executivo da União Europeia, Durão Barroso lembrou que foi discutido o "processo europeu", a globalização e o caminho para uma "globalização inclusiva".

O Papa Francisco morreu esta segunda-feira aos 88 anos, de AVC, após 12 anos de pontificado.

Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica.

A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer. O papa Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março.

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