
"Estamos a rever o AUKUS para assegurar que esta iniciativa da anterior administração está alinhada com a agenda 'América Primeiro' do Presidente [Donald] Trump", declarou o principal conselheiro político do Departamento da Defesa dos Estados Unidos, Elbridge Colby, citado pelo jornal britânico.
Considerado um cético do AUKUS, Colby sublinhou que eventuais alterações ao atual enquadramento serão comunicadas "pelos canais oficiais, quando for apropriado".
O conselheiro do Pentágono, próximo de Trump, já advertira em 2024 que os submarinos nucleares são um recurso escasso e estratégico, afirmando que a indústria norte-americana não consegue atualmente produzir unidades suficientes para satisfazer a procura interna.
O pacto AUKUS --- acrónimo de Austrália, Reino Unido e Estados Unidos --- foi estabelecido durante a presidência de Joe Biden (2021-2025), num contexto de crescente rivalidade com a China na região do Indo-Pacífico.
No âmbito do acordo, a Austrália deverá adquirir três submarinos de propulsão nuclear da classe Virginia a partir do início da década de 2030, com a opção de compra de mais dois. O calendário prevê ainda a entrega de um primeiro submarino britânico no final da mesma década.
Em reação à revisão em curso, o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa da Austrália, Richard Marles, afirmou hoje confiar que o país continuará a receber os submarinos planeados, considerando que a iniciativa de Washington "não é uma surpresa" perante a entrada em funções de uma nova administração.
"À medida que o AUKUS evoluir ao longo das próximas décadas e os governos forem mudando, é natural que cada executivo reveja a melhor forma de participar neste acordo multigeracional. Mas, entretanto, o pacto continua a avançar", disse Marles à rádio pública australiana ABC.
Também um responsável do Governo britânico, citado pelo Financial Times, descreveu a revisão como "um passo lógico para uma nova administração", em linha com a posição expressa por Camberra.
"Reiterámos a importância estratégica da relação entre o Reino Unido e os Estados Unidos, anunciámos um aumento do orçamento da Defesa e reafirmámos o nosso compromisso com o AUKUS", acrescentou a mesma fonte.
A reavaliação do pacto ocorre numa altura em que o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, se encontra no Canadá para participar na cimeira do G7, onde poderá reunir-se com Donald Trump à margem do encontro.
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