
O Espaço do Artesão, no Campanário, acolhe até 30 de Julho a exposição ‘Vime: um ofício, uma história, uma arte’, da autoria de José Pedro Gouveia. Natural do Rochão, na Camacha, o artesão trabalha com esta matéria-prima há mais de 70 anos, sendo um dos últimos mestres desta arte tradicional na Madeira.
A mostra reúne um total de 83 peças, entre cestas de diversos tipos, tabuleiros, garrafões empalhados, cestas para pão, cadeiras, mesas e uma garrafeira. A exposição, que esteve patente em 2022, regressa agora com novas peças.
José Pedro Gouveia iniciou-se neste ofício aos sete anos, aprendendo a tapar fundos de cestos. Desde então, construiu toda a sua vida em torno do vime. A sua casa, situada junto à estrada regional 102, no Rochão, revela bem a dimensão do seu trabalho, com uma garagem repleta de peças em vime de todas as formas e funções.
Neste espaço coexistem peças de mobiliário, como cabeceiras de cama, sofás, cadeiras de baloiço, mesas e estantes, e artigos utilitários e decorativos, cuja notável diversidade testemunha décadas de dedicação, mestria e arte.
Durante anos, coordenou uma oficina com cerca de 30 trabalhadores exclusivamente dedicados à produção das armações metálicas que integram muitas das suas peças. A vertente continua activa, embora hoje conte apenas com um colaborador. Ensinou os seus filhos a trabalhar o ferro, mas nenhum quis aprender a arte de manusear o vime.
Com o desaparecimento gradual de artesãos e o declínio do cultivo local, o vime utilizado é actualmente importado, sobretudo do Chile e de Espanha. Apesar disso, a procura mantém-se estável. As suas criações encontram-se espalhadas por unidades hoteleiras, residências privadas e espaços comerciais da região e do continente, sendo também produzidas por medida, conforme o gosto de cada cliente.
Além das suas próprias criações, José Pedro Gouveia acolhe e vende trabalhos de outros artesãos locais, especialmente após o encerramento do Café Relógio, contribuindo para manter viva uma rede artesanal enraizada na identidade cultural da Madeira.
A exposição é uma oportunidade para conhecer o legado de um mestre e explorar um saber ancestral que resiste ao tempo e continua a inspirar.
A entrada é gratuita e as visitas podem ser feitas de segunda a sexta-feira, entre as 9 e as 17 horas, e aos sábados, das 10 às 18 horas.