O diretor da RTP/Madeira, Martim Santos, assegurou hoje que a alteração no controlo da emissão, que passou a ser feito em Lisboa, não afeta a autonomia editorial do canal na região autónoma.

"É uma medida que não coloca em causa a autonomia editorial da RTP/Madeira", garantiu, realçando que foi uma decisão operacional e de gestão tomada pelo Centro Regional da empresa, com o acordo do conselho de administração.

O responsável falava na Assembleia Legislativa da Madeira, numa audição parlamentar requerida pelo PSD sobre "a defesa da autonomia do Centro Regional da RTP Madeira", na Comissão Permanente de Educação Desporto e Cultura.

O Diário de Notícias da Madeira noticiou recentemente que o controlo da emissão da RTP regional passou a ser feito a partir de Lisboa, uma decisão que motivou preocupação e questões de vários partidos sobre uma alegada perda de autonomia.

Martim Santos explicou hoje que "a RTP está a passar por um processo de saídas voluntárias", que também afeta a Madeira, com a saída de oito trabalhadores, pelo que teve de ser feito "um processo de ajustamento" para "atenuar uma perda de capacidade".

O responsável defendeu que "salvaguardar e defender a autonomia" também "é defender a capacidade operacional e a capacidade de produzir conteúdos na RTP/Madeira", reforçando que a alteração é técnica e que todas as decisões sobre o que é que será emitido, e quando, continua a ser do Centro Regional.

"A única diferença é que a nossa articulação diária nas régies é feita com uma pessoa que está em Lisboa", indicou.

Martim Santos sublinhou que o foco e o desígnio está "na programação regional", vincando que isso só é possível "com capacidade operacional" e que a empresa neste momento está impedida de contratar.

O deputado social-democrata, Válter Correia, considerou que está em causa uma "pequena perda de autonomia" e questionou se esta perda poderá abrir precedentes para o futuro.

Também as deputadas do JPP, Patrícia Spínola, e do PS, Sancha Campanella, consideraram que há uma perda de autonomia da RTP/Madeira, manifestando um conjunto de preocupações sobre o futuro.

Martim Santos considerou que estão a "diabolizar" um colega de Lisboa responsável pelo controlo da emissão, sublinhando, por diversas vezes, que as decisões serão sempre tomadas na Madeira.

Entre as preocupações dos deputados, está, por exemplo, a garantia de que será possível entrar em direto sem constrangimentos para cobrir eventos urgentes como catástrofes, tendo Martim Santos respondido que haverá sempre alguém na RTP para receber essa indicação, a qualquer hora do dia.

O "risco de uma perda de autonomia progressiva" com esta alteração "existe sempre", reconheceu, por outro lado, o diretor do Centro Regional da RTP, dizendo que não "é dono do futuro" e que percebe essas preocupações. Ainda assim, assegurou que estará atento.

Esta decisão foi "tomada como definitiva e não é um teste", adiantou também.