
A maioria pró-europeia que reelegeu Ursula von der Leyen há um ano salvou-a da moção de censura apresentada e apoiada por quase 80 eurodeputados da direita ultraconservadora e da extrema-direita. Apesar das críticas deixadas pelos socialistas, liberais e verdes, quer à presidente da Comissão Europeia quer à família política que a apoia, o Partido Popular Europeu, a maioria foi contra a queda de todo o executivo comunitário.
No entanto, ao olhar para os números, a votação mostra uma diminuição do apoio que teve a 18 de julho do ano passado, quando foi eleita com 401 votos a favor e 284 contra. Agora, os votos a segurá-la foram apenas 360 (menos 41). Houve mais abstenções e, se esta tivesse sido uma eleição, a alemã teria passado à tangente, conseguindo exatamente o mínimo de votos para ser eleita presidente da Comissão, os tais 360.
Quanto aos números finais da votação da moção de censura: foi rejeitada por 360 votos contra, 175 a favor e 18 abstenções. Votaram apenas 553 eurodeputados de um total de 719 que tomaram posse há um ano (O Parlamento Europeu tem 720 lugares, mas há um deixado vago por um catalão que ainda não assumiu o mandato). Houve menos eurodeputados a votar agora, e isso é também visível nos 175 que quiseram fazê-la cair, face aos 284 que votaram contra ela há um ano.
Três eurodeputados portugueses votaram pela queda de Von der Leyen e toda a equipa de Comissários: João Oliveira, do PCP, e os dois eurodeputados do Chega, António Tânger Correa e Tiago Moreira de Sá. Tânger Correa tinha sido, aliás, um dos subscritores da moção de censura.
Quando aos que votaram contra, incluem-se todos os eurodeputados do PSD e CDS. Já o PS partiu: cinco votaram para segurar Von der Leyen, incluindo Isilda Gomes, Sérgio Gonçalves, Carla Tavares, Ana Catarina Mendes e André Rodrigues. Mas Marta Temido, Bruno Gonçalves e Francisco Assis não votaram.
Da Iniciativa Liberal, Cotrim de Figueiredo votou contra a moção de censura e Ana Vasconcelos não votou. Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, também não participou na votação. Ao contrário do que acontece com a eleição da presidente da Comissão, o voto não foi secreto.
Durante o debate que decorreu na segunda-feira, os líderes dos Socialistas e Democratas e também do Renovar Europa (liberais) tinham deixado claro que não apoiariam uma moção de censura promovida pela extrema-direita. A abstenção estava garantida, o que impedia que a moção fosse aprovada. Porém, nos últimos três dias o S&D esteve a negociar o voto contra da bancada de centro esquerda - o que, politicamente, dava força a Von der Leyen - exigindo em troca garantias de que o próximo Orçamento Comunitário não corta na Fundo Social Europeu (FSE+), que faz parte da política de coesão. A proposta do próximo Quadro Financeiro Plurianual será conhecida na próxima semana.
Ursula von der Leyen sobrevive à primeira moção de censura apresentada desde que é Presidente da Comissão Europeia. Este é o segundo mandato, iniciado há pouco mais de meio ano. Os proponentes da moção acusavam-na de ser controladora e pouco transparente. A alemã participou no debate sobre a moção que decorreu na segunda-feira, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, mas não esteve presente durante a votação esta quinta-feira, encontrando-se em Roma, para participar na Conferência de apoio à Reconstrução da Ucrânia.