
A Procuradoria colombiana divulgou que o autor suspeito do atentado de sábado contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay é um menor de 15 anos, que foi detido no local com uma arma.
O ataque ocorreu no bairro de Modelia, distrito de Fontibón, na zona oeste da capital colombiana, Bogotá, onde Uribe Turbai participava de um comício político.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o político de 39 anos a discursar numa reunião de campanha na zona oeste da capital, quando se ouviram tiros. Outras imagens mostram-no deitado no tejadilho de um veículo, com o corpo ensanguentado.
Uribe foi baleado duas vezes, de acordo com a procuradoria, mas os paramédicos da ambulância que o conduziu ao primeiro centro médico especificaram à imprensa local, que o político terá sido atingido duas vezes na cabeça e uma vez num joelho.
“O atentado contra o pré-candidato do Partido Centro Democrático, que levou dois tiros no corpo e no qual outras duas pessoas também ficaram feridas, ocorreu no bairro Modelia de Fontibón (...) onde um menor de 15 anos foi detido com uma arma de fogo tipo pistola Glock (9 milímetros)”, informou a Procuradoria colombiana.
Uribe Turbay, um forte opositor do Presidente colombiano, Gustavo Petro (esquerda), começou por ser transportado para a Clínica Medicentro, o centro médico mais próximo do local do atentado, onde recebeu a primeira intervenção médica.
Uma assistente de enfermagem da clínica disse à imprensa local que o estado do senador era extremamente delicado no momento da sua admissão: "Ele estava inconsciente. O seu estado era crítico", revelou, acrescentando que passaram "45 minutos a reanimá-lo".
Horas mais tarde, e devido à gravidade dos ferimentos, o senador foi transferido de ambulância para a Fundação Santa Fé, um hospital privado e uma das instituições médicas mais conceituadas do país, localizado no norte da capital colombiana, onde o senador terá sido submetido a uma cirurgia.
Miguel Uribe Turbai, membro do partido conservador Centro Democrático, é um dos principais pré-candidatos presidenciais da direita às eleições de 2026 e o atentado contra si está a causar forte comoção política na Colômbia, a começar pelos vários ex-presidentes do país, Álvaro Uribe, Juan Manuel Santos, Iván Duque, Andrés Pastrana e Ernesto Samper, que o condenaram unanimemente, num consenso invulgar entre figuras historicamente opostas da política colombiana.
O Presidente colombiano cancelou uma viagem que previa fazer na noite de sábado a Nice (França) para participar da Cimeira dos Oceanos da ONU, alegando a necessidade de permanecer no país para "dar prioridade a todas as ações institucionais necessárias para garantir a segurança, esclarecer os factos e reforçar a confiança no Estado de direito", segundo um comunicado do Governo.
O governo do Presidente de esquerda, Gustavo Petro, “denunciou categórica e energicamente o ataque” ao senador conservador. “Este ato de violência constitui um atentado não só contra a integridade física do senador, mas também contra a democracia, a liberdade de pensamento e o exercício legítimo da política na Colômbia”, sublinhou a Presidência colombiana num comunicado.
O ministro da Defesa colombiano, Pedro Sanchez, condenou o atentado e anunciou na rede social X que as autoridades oferecem uma recompensa até 3 milhões de pesos (638,7 mil euros) por qualquer informação que leve à captura dos responsáveis.
“Espero sinceramente que ele esteja bem e fora de perigo”, escreveu a ministra dos Negócios Estrangeiros, Laura Sarabia, na rede social X.
Washington culpa a “violenta retórica de esquerda”
A tentativa de homicídio de Uribe Turbai foi condenada por várias praças diplomáticas, a começar por Washington, onde secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, atribuiu a sua responsabilidade à “violenta retórica de esquerda” que “emana dos mais altos níveis do governo colombiano”.
“Esta é uma ameaça direta à democracia e o resultado de uma retórica violenta de esquerda que emana dos mais altos níveis do governo colombiano”, afirmou o chefe da diplomacia norte-americana num comunicado, em que apelou a Petro, para que “reduza a retórica inflamatória e proteja os representantes públicos da Colômbia”.
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia e a Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos (MAPP/OEA) condenaram o atentado e pediram garantias para as eleições de 2026.
“Condenamos o atentado contra o senador e pré-candidato do Centro Democrático Miguel Uribe Turbay. Exortamos as autoridades a investigar, processar e punir os responsáveis. Apelamos à garantia dos direitos políticos e ao debate político sem violência. Expressamos a nossa solidariedade para com o pré-candidato e a sua família”, afirmou o gabinete da ONU na rede social X.
O Presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou através da rede social X que em democracia a violência “não tem lugar nem justificação”, manifestando a sua “condenação absoluta do ataque contra Miguel Uribe Turbai”.
Os ministérios dos Negócios Estrangeiros (MNE) mexicano e peruano condenaram “energicamente” o atentado, com o primeiro a sublinhar que “a violência política é inadmissível” numa democracia e o segundo a manifestar “o mais firme repúdio por qualquer ato de violência que ponha em causa a vida ou prejudique a paz social e o bem-estar dos nossos povos”.
De igual modo, o presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou ter recebido a notícia “com profundo pesar”, acrescentando a condenação de “todas as formas de violência e intolerância”. “Não estão sozinhos”, acrescentou o chefe de Estado no antigo Twitter.