Todos os segmentos do mercado de turismo cresceram em 2024, tanto em hóspedes como em dormidas, embora com grande peso da hotelaria e cada vez maior do alojamento local, há um em particular que dá sinais de dinâmica que há pouco tempo pareceria muito difícil de crer, o campismo. É o segmento que teve maior aumento, tanto em número de praticantes como em termos de dormidas, crescendo em ambos os casos acima dos 30% no ano passado, com recordes em praticamente todos os indicadores.

De acordo com a informação final divulgada esta manhã pela Direção Regional de Estatística da Madeira, em 2024, "o número de dormidas no alojamento turístico global (os estabelecimentos da hotelaria, turismo no espaço rural e de habitação, alojamento local, time-sharing na modalidade de habitação periódica, colónias de férias e pousadas da juventude e parques de campismo) ultrapassaram os 12 milhões, traduzindo um crescimento de 7,2% face a 2023 (+41,5% em relação a 2019)", sendo que "os residentes em Portugal contribuíram com cerca de 1,7 milhões de dormidas, evidenciando uma quebra de 2,1% relativamente a 2023, enquanto os estrangeiros não residentes originaram cerca de 10,3 milhões de dormidas, correspondendo a um aumento de 9,0%", começa.

No ano passado, "contabilizaram-se 2,2 milhões de hóspedes entrados, traduzindo crescimentos de 6,7% e de 61,4%, em comparação com 2023 e 2019, respectivamente", realça a DREM. "O número de dormidas no alojamento turístico em 2024 – que inclui hotelaria, turismo no espaço rural e alojamento local – ascendeu a 11,8 milhões, correspondendo a um aumento de 7,4% face a 2023 (+44,8% relativamente a 2019)".

No caso dos residentes em Portugal, estes "contribuíram com mais de 1,7 milhões de dormidas, traduzindo um decréscimo de 2,2% em relação a 2023, mas um acréscimo significativo de 63,8% face a 2019. O mercado nacional foi o terceiro mais importante, representando 14,2% do total, atrás dos mercados alemão (20,5%) e britânico (18,3%)".

Já "as dormidas de não residentes aproximaram-se dos 10,1 milhões (85,8% do total), registando um aumento de 9,2% em comparação com o ano anterior e de 42,1% relativamente a 2019. Os principais mercados emissores foram a Alemanha, o Reino Unido, a França, a Polónia, os Países Baixos, a Espanha, a República Checa e os Estados Unidos da América, que, em conjunto, concentraram 75,2% das dormidas de residentes no estrangeiro (75,4% em 2023)", aponta em específico por principais nacionalidades.

No que toca à "taxa líquida de ocupação-cama (TLOC) no alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas) atingiu os 66,8%, +1,4 p.p. que em 2023 (+8,8 p.p. face a 2019)", com a estada média no alojamento turístico também a aumentar para 4,71 noites, superior à do ano anterior (4,67 noites) e das poucas em que, dificilmente, haverá recordes a apresentar, uma vez que no passado, ainda recente, o tempo médio de estadia dos turistas chegou a ser de 7 dias.

"Em 2024, os proveitos totais no alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas) ascenderam a 761,1 milhões de euros, enquanto os de aposento rondaram os 540,7 milhões de euros, correspondendo a variações positivas face a 2023 de 16,0% e 16,9%, respetivamente. Comparativamente a 2019, as variações foram de +86,8% e de +102,2%, pela mesma ordem", destaca novos recordes.

Isto porque "o RevPAR, que mede o proveito obtido por quarto disponível, atingiu, em 2024, os 83,53 euros no conjunto do alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas), +13,9% que em 2023 e +88,6% que em 2019. O rendimento médio por quarto ocupado (ADR), no conjunto do alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas), rondou os 109,28 euros, em 2024, +13,1% que no ano transato (+58,8% face a 2019)", aponta.

Foto DREM
Foto DREM dnoticias.pt

Em específico, a hotelaria "registou a entrada de 1,5 milhões de hóspedes, que geraram 8,3 milhões de dormidas, traduzindo variações positivas de 1,0% e de 2,1%, respetivamente, face a 2023 (+34,7% e +22,8% que em 2019, pela mesma ordem)", sendo que "este segmento concentrou 70,3% do total de dormidas no alojamento turístico coletivo da RAM, historicamente a menor quota alguma vez registada", realça, muito por culpa do crescimento do alojamento local.

Contudo, "os proveitos totais na hotelaria foram de 687,3 milhões de euros, enquanto os de aposento aproximaram-se dos 480,0 milhões de euros, apresentando, quando comparados com 2023, variações positivas, de 14,9% (+80,8% face a 2019) e de 15,7% (+95,0% que em 2019), respetivamente", ambos recordes, compensando assim a perda de quota. "As dormidas dos residentes no estrangeiro aproximaram-se dos 7,1 milhões (85,3% do total da hotelaria), tendo crescido 3,7% em comparação com o ano precedente. Os principais mercados emissores foram o Reino Unido, Alemanha, França, Polónia, Países Baixos, Dinamarca e Espanha, que, em conjunto, concentraram 74,5% das dormidas de residentes no estrangeiro na hotelaria", diz a DREM.

Já os "turistas nacionais produziram mais de 1,2 milhões de dormidas (-6,2% que em 2023), representando 14,7% do total de dormidas da hotelaria. O mercado português também se destacou neste segmento como o terceiro mais importante, antecedido do britânico e do alemão". É de realçar ainda que "a taxa líquida de ocupação-cama (TLOC) rondou os 70,0%, +2,0 p.p. que em 2023 e +8,1 p.p. que em 2019", enquanto "a estada média na hotelaria (4,80 noites) aumentou 1,1% face ao ano anterior (4,75 noites)".

Significa que "a média anual de 2024 do rendimento por quarto (RevPAR) foi de 89,46€ (+14,5% face a 2023 e +87,1% face a 2019) e o rendimento médio por quarto ocupado (ADR) de 112,64€ euros (+13,3% que em 2023 e +60,2% que em 2019)", frisa.

No caso do turismo no espaço rural, em 2024, a média de estabelecimentos em funcionamento "foi de 69 e a capacidade de alojamento disponível fixou-se em 1.329 camas (mais 74 que em 2023 e mais 144 que em 2019). O pessoal ao serviço rondou os 355 efetivos. Foram registados, em 2024, 73,8 mil hóspedes entrados e 277,1 mil dormidas (2,4% do total do alojamento turístico coletivo), revelando crescimentos, no caso desta última variável, de 8,6% relativamente a 2023 (+75,2% face a 2019)".

No alojamento local "foram registados 653,1 mil hóspedes entrados (+22,7% que em 2023), tendo dado origem a cerca de 3,2 milhões de dormidas (+23,8% face a 2023), ou seja, 27,3% das dormidas do conjunto do alojamento turístico coletivo. Face a 2019, as variações nos hóspedes entrados e nas dormidas no alojamento local foram de +187,3% e +162,3%, respetivamente".

No segmento do time-sharing, "verificou-se a entrada de 55,8 mil hóspedes (+4,7% que em 2023; +11,7% face a 2019)" e "as dormidas fixaram-se nos 571,2 mil, crescendo 0,6% face a 2023 (-8,6% em relação a 2019)". Refira-se que "do total de hóspedes entrados e de dormidas registados em 2024, cerca de 69,3% e 66,8%, pela mesma ordem, já se encontram contabilizados na hotelaria, uma vez que todos os estabelecimentos de time-sharing na modalidade de 'habitação turística' estão incluídos na amostra do Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e outros Alojamentos (IPHH)", esclarece a DREM. "O total de estabelecimentos que praticam a modalidade de time-sharing é apurado de forma autónoma, através de um inquérito específico desenvolvido pela DREM – o Inquérito à Permanência de Hóspedes nos Estabelecimentos de Time-sharing. Em 2024, este segmento registou 17,1 mil hóspedes entrados e 189,7 mil dormidas, com uma estada média de 8,36 dias", refere, naquele que será a maior estada média de todos os segmentos.

Nos outros tipos de alojamento turístico colectivo, contabiliza a DREM que, em 2024, "contabilizaram-se 11,6 mil hóspedes entrados nas colónias de férias e pousadas de juventude, com um total de 38,1 mil dormidas registadas. Esta última variável observou um acréscimo de 5,4% face a 2023 (+60,5% que em 2019). O mercado nacional foi responsável por 77,1% do total destas dormidas, registando um aumento de 9,3% face a 2023".

Já os três parques de campismo da RAM, no ano em análise, "receberam 6.391 campistas, que originaram um total de 15.479 dormidas, traduzindo crescimentos de 31,3% e de 34,8%, respetivamente. A quota do mercado internacional foi de 77,5% nos hóspedes entrados e de 76,3% nas dormidas", dá conta, em conclusão no que aos segmentos de alojamento turístico na RAM.

Por fim, duas áreas específicas de acompanhamento, com o Inquérito aos Campos de Golfe a revelar que, em 2024, "foram realizadas 78.983 voltas nos três campos de golfe da RAM, significando um aumento de 5,2% face a 2023 (+20,8% em relação a 2019). Esta atividade gerou cerca de 4,0 milhões de euros em receitas, o que representa um crescimento de 5,6% relativamente a 2023 (+54,8% comparativamente a 2019)", diz.

E, por fim, no sector dos cruzeiros, "de acordo com os dados fornecidos pela Administração dos Portos da RAM, foi contabilizada a entrada de 316 navios de cruzeiro em 2024, mais 37 que em 2023 (+18 face 2019). Registaram-se 716,8 mil passageiros em trânsito, correspondendo a um aumento de 16,4% face a 2023 (+21,7% relativamente a 2019), sendo que 92,5% deste movimento ocorreu nos 1.º e 3.º quadrimestres do ano", as épocas altas, dados esses já conhecidos.