
Num país que envelhece rapidamente e onde os desafios da deficiência continuam a ser um obstáculo à autonomia e à inclusão, há uma nova resposta a nascer. Chama-se Espaço com Sentido, e abriu hoje portas com a missão de, mais do que ser um nome bonito, fazer a diferença nas vidas de pessoas com limitações motoras, neurológicas, cognitivas e sensoriais, chamando-as a ocupar o seu lugar na sociedade, numa estratégia que junta inovação, responsabilidade social e inclusão real.
"Acreditamos no poder da tecnologia para transformar vidas, mas acreditamos acima de tudo no poder das pessoas", vincam os responsáveis da Fundação MEO, que dá vida a mais um projeto focado na integração e inclusão através de ferramentas tecnológicas (computadores, tablets, smartphones e outros equipamentos complementares) ou respostas à medida como o mobiliário e adaptação do espaço, de forma a garantir conforto e funcionalidade, que a Fundação MEO também garante) e pessoas capazes de as pôr ao serviço de quem mais precisa, de forma a abrir-lhes portas para uma vida mais simples e acessível. Depois do Cinema com Sentido e da Música com Sentido, agora é a vez de abrir portas do Espaço com Sentido.
A primeira unidade de uma rede que se quer que chegue a todo o país abriu hoje no Hospital de Faro, marcando o arranque de uma transformação que se apoia na aproximação da tecnologia às pessoas com deficiência. Iniciativa da Fundação MEO, e este primeiro em articulação com a Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, o Espaço com Sentido conta com o envolvimento de profissionais de reabilitação e da direção da ULS Algarve. A ideia é simples: aproximar tecnologias de apoio — aquelas que podem mudar o quotidiano de quem vive com limitações motoras, sensoriais ou cognitivas — das pessoas que realmente delas precisam para uma vida mais completa.
O recurso a estas tecnologias "pode significar uma diferença substancial na recuperação dos doentes", explicou à Lusa o presidente do Conselho de Administração da ULS do Algarve, durante a inauguração. Tiago Botelho justifica-o com o facto de esta unidade ser um hospital de [doentes] agudos, onde se intervém na fase inicial dos episódios. "É uma altura crucial para não deixar perder oportunidades de ganhos para o doente e a sua vida futura", disse, lembrando que quer os doentes em ambulatório quer os internados podem usufruir do espaço.

Mas não se trata apenas de disponibilizar equipamentos. O Espaço com Sentido aposta na personalização, na escuta ativa e no acompanhamento técnico, assegurado por equipas multidisciplinares das instituições parceiras, como hospitais, IPSS ou universidades. Na prática, os beneficiários — com condições como Paralisia Cerebral, AVC, ELA, EM, TCE, perturbações do espetro do autismo ou deficiência visual — terão acesso a uma avaliação funcional e à possibilidade de experimentar e adaptar soluções tecnológicas às suas reais necessidades.
Fruto de mais de 22 anos de experiência da Fundação MEO, este programa pretende contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, nomeadamente na redução das desigualdades, na promoção de parcerias eficazes e na garantia de uma educação de qualidade.
Num mundo digital que tantas vezes exclui, o Espaço com Sentido propõe uma inversão: usar a tecnologia como ponte, e não como barreira. Fazer com que cada clique, cada ecrã, cada dispositivo ganhe um propósito maior — o de devolver autonomia, dignidade e participação plena a quem mais precisa.