Longe vão os tempos em que o líder de uma empresa ou outra entidade tentava saber de tudo sozinho, sem admitir outras opiniões. Hoje, mais do que nunca, para poder inspirar os outros, é essencial ouvir as diferentes perspetivas e incorporá-las, sempre que faça sentido, nas estratégias empresariais.

Entendo o líder como a pessoa que inspira e motiva outros numa determinada organização, a estarem juntos na precursão do mesmo objetivo comum. Ora, para ser um bom líder, é necessário colocar o ego de lado.

Mesmo sendo a liderança um local de solidão, na medida em que a decisão final, nos processos determinantes de uma organização, cabe, normalmente, para o bem e para o mal, a uma só pessoa, é importante que cada líder saiba praticar a escuta ativa.

O líder deve saber que as boas ideias e os bons contributos podem vir de qualquer lugar da empresa e não deve menosprezar ninguém. Caber-lhe-á, bem como às lideranças intermédias, aplicar, em parte, ou, no todo, as ideias que ouve. Mas valorizar opiniões é um ato de liderança segura, sem ego, nem medo da ideia de menos experiência ou poder.

Ainda assim, é natural que um líder se procure rodear de opiniões dos seus pares, ou seja, é natural e extremamente produtivo que o líder oiça e partilhe com outros líderes, que, não sendo da mesma área ou concorrentes, são aqueles que têm uma experiência mais semelhante da sua.

O líder não sabe tudo nem deve saber. Deve “apenas” aprender mais depressa do que os que dependem de si, deve antecipar problemas e suas soluções e deve ter uma mentalidade de fácil adaptação ao imprevisto. Isto também se consegue valorizando o contributo de todos, em especial daqueles que têm a mesma missão.

Miguel Pardo Calvo, Presidente da Vistage Portugal