O cancro do pâncreas é conhecido pela sua agressividade e pelo diagnóstico frequentemente tardio, o que representa um grande desafio para os profissionais de saúde e para os doentes. É uma doença silenciosa que exige, além de um acompanhamento especializado, avanços contínuos nas técnicas de tratamento.

Hoje, a tecnologia desempenha um papel crucial na Medicina. A cirurgia robótica é uma das inovações que vieram revolucionar o tratamento de diversas doenças, nomeadamente, o cancro e, em particular, o do pâncreas. Esta técnica caracteriza-se por um elevado nível de segurança e precisão, aumentando as possibilidades de sucesso do tratamento e representando um avanço promissor na luta contra este tipo de tumor.

Na cirurgia robótica, o cirurgião opera através de uma consola, onde controla os instrumentos com uma precisão que, na cirurgia convencional, não é possível alcançar. Os movimentos do robô são guiados pelo cirurgião, enquanto este, através de um painel de controlo, visualiza em detalhe a área de intervenção. Esta abordagem é particularmente vantajosa em cirurgias complexas e delicadas, como as do pâncreas, onde cada milímetro conta para se obter uma cirurgia potencialmente curativa.

Para o doente, as vantagens traduzem-se numa recuperação mais rápida, menor dor no pós-operatório e menor risco de complicações, já que as incisões são mais pequenas e a manipulação dos tecidos é menos invasiva. Estes benefícios permitem que o doente retome a vida normal mais rapidamente, algo essencial quando falamos de uma doença tão debilitante.

Vários estudos recentes têm mostrado que a cirurgia robótica apresenta resultados promissores na redução de complicações e na melhoria da recuperação pós-operatória, em doentes com cancro do pâncreas. Em vários centros de referência, na Europa, esta técnica tem vindo a ser aplicada com sucesso, demonstrando não só eficácia no tratamento, mas também uma melhoria significativa na qualidade de vida dos doentes, comparativamente com as técnicas convencionais.

A cirurgia robótica representa uma nova era no tratamento do cancro do pâncreas, oferecendo esperança e novas possibilidades aos doentes e às suas famílias. Ao aliar tecnologia de ponta, com recurso à inteligência artificial, à experiência clínica, podemos proporcionar um tratamento mais preciso e menos invasivo, que permite um regresso mais rápido e com mais qualidade à rotina.

Não tenho dúvidas de que a evolução da medicina, a par do avanço da tecnologia, continuará a oferecer-nos ferramentas cada vez mais desenvolvidas e inovadoras, para enfrentar os desafios que esta doença representa, para nós, cirurgiões hepatobiliopancreáticos, e para os doentes, trazendo-nos cada vez mais perto de um futuro em que o diagnóstico seja menos assustador.

Mas há outros fatores que são essenciais para esta mudança de paradigma, nomeadamente a vigilância regular da saúde. Sendo o cancro do pâncreas silencioso, numa fase inicial, na qual a probabilidade de sucesso no tratamento é maior, deve consultar regularmente o seu médico e não adiar os seus exames de rotina.

Cirurgião Geral na Unidade de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas do Hospital CUF Tejo