
Foi na manhã de sábado, dia 21 de junho, que Nuno Fonte, um dos proprietários do restaurante DeRaiz, notou o intenso cheiro a queimado vindo do interior do estabelecimento. Ao aproximar-se, reparou no vidro da porta, escuro pelo fumo e percebeu, de imediato, que o pior acontecera. Na última noite de férias, um alegado curto-circuito durante a noite consumiu parte do restaurante localizado no centro de Rebordinho, muito perto de Viseu. A total dimensão dos prejuízos ainda não está apurada, mas o encerramento deste restaurante, premiado pela primeira vez com Garfo de Prata no Guia Boa Cama Boa Mesa 2025, pode durar, no mínimo, três semanas.
Inês Beja, que divide com Nuno Fonte a propriedade do restaurante DeRaiz conta que o cenário encontrado foi um choque. Queimou-se “a madeira das escadas, armários e estragaram-se cortinas e outra decoração”.
O pior, recorda, “foi ter perdido os livros de receitas da minha avó”, algumas na base das propostas do restaurante. “Falta apurar”, explica Inês, “até que ponto as máquinas estão avariadas e aguardar a conclusão da investigação do seguro, bombeiros e GNR para apurar as causas do incêndio”.
Mal terminem as investigações, será então possível iniciar as limpezas e a remontagem da sala do restaurante DeRaiz. “No melhor cenário”, diz esperançada Inês Beja, “abrimos portas em três semanas, mas as autoridades já avisaram que pode demorar mais de um mês até que possamos voltar a receber clientes”.
O restaurante DeRaiz foi galardoado com um Garfo de Prata na edição de 2025 do Guia Boa Cama Boa Mesa. Em 2022 foi distinguido com o galardão “Mesa com Mérito” que elegeu restaurantes capazes de projetar a cozinha local a nível nacional quer conservando as receitas de sempre, quer inovando a partir da tradição, sempre mediadores entre a qualidade dos ingredientes e produtos endógenos, a região e a sua ligação aos clientes.
Na edição de 2025 do Guia Boa Cama Boa Mesa, sobre restaurante DeRaiz (Rua da Capela, 13, Rebordinho. Tel. 928052162) pode ler-se:
Abençoados pela igreja com que dividem o largo, Inês Beja e Nuno Fonte, ambos cozinheiros, conhecem a técnica e a tradição regional, bem como a magia de servir comida com sabor a casa. Recolheram receitas das avós, com carinho e memória, e adaptaram-nas à atualidade. Para acentuar a tradição, recuperaram uma casa tipicamente beirã, numa aldeia às portas de Viseu, investiram na amesendação, na garrafeira e no serviço cuidado. O resultado é uma harmonia embalada pelo sino que ecoa de meia em meia hora. “A proximidade é o que nos distingue. Aqui as pessoas desaceleram”, garantem. Aprecie, pois, sem pressas, o pão feito na casa, antes de celebrar o tributo familiar nos “Ovos verdes da avó Raquel” e nos “Pastéis de massa tenra da avó Nazaré”. Experimente o “Atum à Bulhão Pato”, os carolos de milho – a sazonalidade dita o acompanhamento – e não perca o “Pato assado com arroz de forno, laranja e pinhões”. Junto à lareira, acesa no tempo frio, no final, a escolha complica-se: “Rabanada e creme de baunilha” ou “Pão de ló húmido”?