
A Indra Group deu mais um passo para a consolidação da sua posição no mercado de sistemas aéreos não tripulados com a aquisição da Aertec Defence & Aerial Systems (DAS). Esta operação marca não apenas a integração de uma das referências espanholas no fabrico de drones táticos, mas também um passo decisivo rumo à construção de um polo tecnológico de defesa em Sevilha — e, mais importante, a entrada definitiva da Indra no tabuleiro europeu de defesa do século XXI.
A Aertec DAS, até agora uma divisão da Aertec Solutions S.L., traz consigo uma herança tecnológica robusta e comprovada. O seu portfólio inclui a família de sistemas táticos TARSIS, veículos aéreos não tripulados (UAS) de média dimensão, com capacidade até 150 kg, já testados pelas Forças Armadas espanholas. Estes sistemas, desenhados para missões de vigilância e observação, combinam baixo risco tecnológico com elevada sofisticação operacional. Mais do que uma compra, trata-se de uma aliança de engenharia com ADN ibérico.
“Esta operação faz parte da estratégia da Indra em tornar-se líder no desenvolvimento de UAS completos de média dimensão, numa altura em que o mercado exige este tipo de soluções”, afirmou Ángel Escribano, Presidente Executivo da Indra Group. Com o objetivo de se posicionar na dianteira de um mercado em rápida transformação, onde a capacidade de resposta tecnológica é cada vez mais crítica.
Estrategicamente, a integração da Aertec DAS alimenta diretamente a nova divisão de Armas e Munições da Indra, que já vinha a desenvolver soluções em áreas emergentes como sistemas antidrones, munições guiadas de precisão, sistemas de energia dirigida e veículos não tripulados. A complementaridade é evidente: enquanto a Indra traz a experiência de décadas a coordenar programas internacionais complexos, a Aertec DAS oferece know-how especializado e uma cadeia de produção ágil, alimentada por uma equipa técnica de 46 engenheiros.
Este movimento também acontece num contexto europeu particularmente oportuno. O programa ReArm Europe, promovido pela União Europeia, disponibiliza 800 mil milhões de euros para reforçar as capacidades de defesa dos Estados-membros, identificando os drones como uma tecnologia prioritária. A nova estrutura posiciona a Indra para captar parte relevante destes fundos — e, mais do que isso, para liderar a definição do que será o standard europeu em matéria de drones táticos.
Para os decisores empresariais e gestores da indústria tecnológica e de defesa, esta aquisição é um sinal claro da direção que o mercado está a tomar. A guerra na Ucrânia veio sublinhar a importância operacional dos drones — pela sua capacidade de vigilância, ataque cirúrgico e baixo custo. A sua proliferação não é apenas uma inevitabilidade: é já uma realidade.
Com a criação de um hub tecnológico em Sevilha, a Indra posiciona-se também como motor de desenvolvimento regional, apostando na soberania tecnológica e na capacitação de talento local. A engenharia e a indústria voltam a ter um lugar no centro da equação europeia da inovação.
No limite, este é um negócio que transcende a lógica empresarial. Trata-se de uma afirmação estratégica: a de que a Europa — e a Península Ibérica — têm voz, tecnologia e ambição para liderar o futuro da defesa. E a Indra parece querer estar no centro desse novo equilíbrio.