
Zamora recuou nove séculos este sábado para reviver um dos momentos fundacionais da história de Portugal: a investidura de D. Afonso Henriques como cavaleiro. A cerimónia, que remonta ao ano de 1125, foi recriada com grande simbolismo e rigor histórico, numa iniciativa organizada pelo Centro de Iniciativas Turísticas de Zamora e Municípios Vizinhos (CIT), e contou com a presença de autoridades, associações culturais de ambos os lados da fronteira, e um público entusiasta.

Entre as várias entidades portuguesas envolvidas, destaque especial para as associações de Guimarães, cidade-berço de Portugal, que se fizeram representar com orgulho e empenho. O Vespa Clube de Guimarães foi um dos protagonistas da cerimónia, marcando presença com 70 participantes que viajaram até Zamora nas suas Vespas, percorrendo a histórica Via Gladii — o percurso atribuído a D. Afonso Henriques na sua marcha até à cidade castelhana. Um trajeto simbólico que uniu passado e presente, numa homenagem viva à coragem e determinação do primeiro rei de Portugal.

A entrada na Catedral de Zamora foi um dos momentos mais marcantes, com representantes do Vespa Clube a empunharem uma réplica da espada de D. Afonso Henriques, num gesto carregado de emoção e significado.
O evento começou com um desfile pelas ruas do centro histórico de Zamora, protagonizado por dezenas de reencenadores em trajes medievais, recriando o ambiente da cerimónia de armas que terá tido lugar naquela cidade castelhana. A partir das 11h30, a cerimónia deslocou-se para o átrio da Catedral, onde decorreu a encenação da investidura, momento central das comemorações. Ali, Afonso Henriques foi simbolicamente armado cavaleiro, num ato que reforça a dimensão luso-espanhola da história peninsular.

As intervenções institucionais sublinharam a importância do evento. O presidente do CIT abriu a sessão com palavras de boas-vindas, seguido pelo presidente da Ordem Grã-Afonsina, Florentino Armando Cardoso. Um dos pontos altos foi a apresentação de uma emissão filatélica comemorativa dos 900 anos, apresentada por Raúl Moreira, diretor de filatelia dos CTT, e pelo presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Ribeiro.
A forte participação vimaranense — e em especial a do Vespa Clube de Guimarães — veio reforçar os laços históricos entre Zamora e Guimarães, mostrando que a memória histórica não se celebra apenas com solenidade, mas também com paixão, compromisso e o envolvimento ativo das comunidades. Com o rugir das Vespas e o bater dos corações, Zamora e Portugal voltaram a unir-se em nome da história.