Apesar de identificar as suas prioridades para o concelho, recusa avançar com uma bandeira. “Não podemos segmentar preocupações”, assevera. Ainda assim, a desagregação das uniões de freguesia, a garantia de acesso à cultura e a gratuitidade de bens essenciais como água e saneamento, bem como o fomento da inclusão e sentido de comunidade são para Vítor Januário medidas centrais.

A experiência sindical, diz, permitiu-lhe conhecer de forma aprofundada o mundo do trabalho, algo que considera fundamental. “[A experiência] tem-me permitido alguma clareza e ter a perceção de que a sociedade se a organiza em função do trabalho e de quem gera riqueza”, atesta. Nesse sentido, a melhoria das condições salariais e remuneratórias adquirem também uma importância significativa na sua candidatura.

Professor e dirigente sindical, Vítor Januário acredita que com mais representação nos órgãos de poder do concelho a CDU – Coligação Democrática Unitária poderia contribuir de forma mais intensa e eficiente para a melhoria das condições de vida dos oliveirenses.

O PAPEL DO PODER AUTÁRQUICO NO MUNDO DO TRABALHO. “Sentimos que o poder autárquico, como poder central, não se pode arredar do centro das preocupações da sociedade e daquilo que a faz mover. Temos serviços e acesso a bens sempre em função do mesmo: da riqueza criada por quem trabalha. (...) Há um fosso enorme entre os salários altos e os mais baixos e isso cria uma enorme injustiça e uma enorme desigualdade que obrigam a autarquia a ter empenho no que diz respeito às condições de trabalho: a autarquia deve criar condições para o desenvolvimento económico local. Se a autarquia, as empresas, o comércio, as organizações representativas dos trabalhadores criarem um órgão - e temos essa proposta [na CDU] - num conselho local para o desenvolvimento, que permitirá perceber quais são as ineficiências, dificuldades, problemas e potencialidades das localidades, perceberíamos o que há a fazer.”

INCLUSÃO E REFORÇAR O SENTIDO DE COMUNIDADE. “Devemos criar todas as formas possíveis de inclusão na comunidade. Uma comunidade em que não se permite a inclusão é uma comunidade que se defende, que se muralha e não queremos isso. E, sobretudo, não aceitaremos, num período em que facilmente se propaga o discurso de ódio, qualquer discurso explícito ou implícito que possa conduzir a essa rejeição. Temos uma proposta concreta, o festival Dias do Mundo, que será um evento de duração no tempo de diferentes semanas. Seria um festival de etnografia, gastronomia, literatura, música e atividades desportivas que nos permitiria conviver com diferentes culturas e revelar o potencial da nossa.”

DESAGREGAÇÃO DAS UNIÕES DE FREGUESIA. “Demos um contributo decisivo para a desagregação da freguesia de Pindelo e Nogueira do Cravo. Os munícipes mobilizaram-se para que as localidades ganhassem novamente a sua autonomia e realizámos diversas ações sem termos representação: se a tivéssemos teríamos conseguido fazer mais. Querer padronizar as localidades à custa de uma união administrativa hipoteca o futuro das localidades. O investimento e a atenção, por mais vontade que haja, ou não, de quem governa, tendencialmente vão para o centro. Desenvolver não é só limpar passeios ou eliminar ervas, desenvolver é criar condições.”

A GRATUITIDADE DOS SERVIÇOS BÁSICOS. “[Temos] de avançar num caminho da reversão da concessão da água e do saneamento e é preciso que haja vontade política. Queremos avançar, então temos de estudar o caminho para o fazer, porque é possível. Serviços públicos essenciais devem estar disponibilizados à população e ser tendencialmente gratuitos. (...) O transporte [também] deve caminhar para o sentido da gratuitidade, permitindo que os parqueamentos possam ser o mais na periferia possível e de modo a encontrar soluções pedonais dentro da cidade.”

DEPOSITAR CONFIANÇA NA CDU. “Temos propostas que possibilitam uma vida melhor aos oliveirenses. Parece-nos que isto resulta muito de uma construção coletiva e de debate permanente. Temos debatido para a construção dos nossos programas, que nunca conseguimos acabar porque vão sendo sempre melhorados, e debatido para a construção de listas... O debate torna-nos mais coesos, capazes e habilitados. [Temos] competência, honestidade e (...) candidatos jovens, e outros menos jovens, em diferentes freguesias. As nossas preocupações passam pelo rendimento e o orçamento das famílias, o que é viver com salários baixos, [porque também] temos candidatos nessas circunstâncias. Merecemos que haja confiança no projeto da CDU.”

Por Débora Cruz