A violência doméstica foi o crime mais reportado no distrito de Setúbal, segundo o relatório Estatísticas APAV – Totais Nacionais 2024, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), que mostram uma realidade em linha com a tendência nacional registada entre 2021 e 2024.

De acordo com o relatório, no distrito de Setúbal foram registadas 1.985 denúncias de violência doméstica, seguidas por 70 casos de ofensas à integridade física e 64 situações de ameaça ou coação. Estes números colocam a violência doméstica como o principal motivo de contacto com a APAV na região.

Das 16.630 vítimas apoiadas pela APAV em 2024, 1.218 residem no distrito de Setúbal, tornando-o quinto distrito com maior número de vítimas, o que corresponde a uma percentagem de 7,3, segundo o Relatório Anual de 2024 da associação. Este número é superado apenas pelos distritos de Lisboa (3.346 vítimas, 20,1%), Faro (3.043 vítimas, 18,3%), Porto (1.958 vítimas,11,8%) e Braga (1.742 vítimas,10,5%);

Estes dados refletem uma realidade que se repete por todo o país. Em declarações recentes à agência Lusa, à margem do evento “O respeito não tem idade”, promovido pela delegação do Porto da Cruz Vermelha Portuguesa no âmbito do “Dia Mundial da Consciencialização da Violência Contra as Pessoas Idosas” que se assinala no domingo, Ana Sousa, responsável da APAV no Porto, referiu que entre 2021 e 2024 “mais de 136 idosos por mês” procuraram ajuda da associação por serem vítimas de crime.

A procura levou a um aumento de 8,5% nos pedidos de ajuda, revela. Além da violência doméstica, surgem ainda casos de burla, violência económica e financeira, violência sexual e abandono.

Apesar do cenário preocupante, Ana Sousa destaca um aspeto positivo: “o aumento das denúncias mostra que a sociedade está mais atenta”, explicando que muitos dos pedidos de ajuda partem de familiares, vizinhos ou amigos que identificam sinais de abuso e receiam consequências mais graves.

Ana Sousa aponta o isolamento como a maior causa para os perigos a que os idosos podem ser expostos. Reforça a importância de promover redes de apoio, incentivando os idosos a manterem laços sociais e familiares fortes, como forma de proteção ao “fazer parte de um grupo, ter amigos, estar frequentemente com vizinhos, amigos, ser uma pessoa que se relaciona socialmente ou com a família”.

*Com Lusa