Socialistas apontam falta de planeamento e atrasos nos processos como causa da possível perda de milhões de euros em financiamento europeu

Os vereadores do Partido Socialista (PS) na Câmara Municipal de Viseu emitiram um comunicado onde expressam forte preocupação com o que classificam como “inconseguimentos” da atual gestão camarária liderada por Fernando Ruas (PSD). Os socialistas temem que estas falhas estejam a comprometer o acesso do município a verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), essenciais para a execução de obras estruturantes no concelho.

Segundo os eleitos do PS, as candidaturas têm sido entregues no limite dos prazos e sem um planeamento eficaz, o que coloca em risco o financiamento de projetos prioritários para a cidade. “Procedimentos com prazos curtos e que são já uma forma de atuação deste executivo” são apontados como causas do problema. “No limite, são os contribuintes a pagar”, alertam.

Entre os exemplos apontados está a Residência para Estudantes na Rua do Gonçalinho, cuja obra registou atrasos significativos. Segundo o vereador João Azevedo, foi necessário pedir esclarecimentos ao responsável da obra, e os atrasos podem vir a comprometer o acesso aos fundos do PRR para esta infraestrutura.

Outro caso citado é o das Unidades de Saúde Familiar. O concurso para quatro novas unidades foi lançado com grande atraso — a menos de um ano do fim do prazo de execução do PRR — o que, segundo os vereadores, representa tempo desperdiçado. “Andaram-se décadas a prometer unidades de saúde. Fazem-se concursos a última hora, a um ano de terminar o PRR”, critica o PS.

O comunicado também denuncia a falta de avanços no projeto do CAEVIS — Centro de Artes e Espetáculos de Viseu — cujo procedimento de concurso ainda não foi lançado. “Não existe qualquer garantia de financiamento”, sublinham os socialistas. A requalificação da EN16, no troço entre o Intermarché e o nó de acesso à A25, também é mencionada como promessa não concretizada: “do qual nada se sabe”.

João Azevedo acusa o executivo liderado por Fernando Ruas de desperdiçar uma oportunidade histórica de captar fundos europeus. “O executivo desperdiça 45 milhões de euros em obras com financiamento do PRR e, não vinda a verba, vão ter de sair dos orçamentos de Estado e Municipal, ou seja do bolso de todos nós”, conclui.