
Cerca de 19.000 pessoas estão sem médico de família na região de Beja, registando-se os números mais elevados no município da capital de distrito e nos de Moura e Serpa, indicou a unidade local de saúde (ULS).
O presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), José Carlos Queimado, indicou à agência Lusa que a situação de utentes sem médico de família na região “piorou significativamente”.
“Tínhamos terminado o ano [de 2024] com cerca de 12.000 [utentes] sem médico de família e, agora, já crescemos cerca de 7.000. Portanto, neste momento voltámos a ter 19% dos utentes sem médico de família atribuído”, revelou.
Em causa, segundo o responsável da ULS, que abrange 13 dos 14 concelhos do distrito (a exceção é Odemira), está o aumento do número de profissionais que se reformaram e, consequentemente, a reduzida percentagem de novos médicos a terminar o curso na instituição ou a candidatarem-se às vagas abertas.
O concelho de Beja é o mais crítico, contabilizando, atualmente, “8.000 utentes sem médico de família”, seguindo-se Moura e Serpa com “3.000” cada.
“Dos 19.000 utentes, 14.000 são logo nestes três concelhos, portanto, é uma situação complicada”, assegurou.
José Carlos Queimado admitiu ainda que existem “alguns” profissionais de Medicina Geral e Familiar que estão a regressar à unidade local de saúde com contratos de médicos aposentados, mas que reduzem os seus horários e “não ficam com o mesmo número de utentes que tinham anteriormente”.
O responsável, ainda assim, disse acreditar que a situação poderá inverter-se devido à abertura da primeira fase do concurso nacional para médicos de família, em que a ULSBA conseguiu três vagas carenciadas.
“Isto é muito importante, porque significa que, durante seis anos, o médico recebe cerca de 40% a mais de ordenado comparativamente se a vaga não for carenciada”, o que “pode ser um fator atrativo para a nossa escolha”, referiu.
Destas vagas especiais, duas foram alocadas a Beja e uma a Serpa.
“Em março/abril nenhum dos nossos internos terminou, só dois é que terminam em setembro/outubro. Um deles está em Serpa e temos a expectativa de que fique lá”, continuou.
Portanto, nessa altura, segundo José Carlos Queimado, “provavelmente, os utentes sem médico de família nesse concelho baixam para metade, uma vez que ele fica com 1.750 [pacientes]”.
“Mas temos de esperar até lá. Entretanto, vamos ver se temos alguma sorte e se alguém nos escolhe”, disse, esperançado.