Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, é um conhecido nome do rap brasileiro, que em Portugal teve recentemente cancelado um dos seus concertos marcados para o Montijo.

Oraum, de 23 anos, é filho de Marcinho VP, um dos chefes históricos do Comando Vermelho, preso desde 1996 e condenado por tráfico e homicídios, sendo que esta ligação com o mundo do crime é um dos aspectos da imagem que o rapper construiu ao longo dos anos, tal como declarações contra as autoridades e uma vida de ostentação nas redes sociais, onde exibe joias, carros de luxo e festas milionárias.

Agora protagoniza outra polémica, depois de na madrugada desta terça-feira ter tido a casa cercada por agentes policiais, quando estes aguardavam para proceder a um mandado de busca e apreensão contra um menor procurado por roubo, após informação obtida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

O adolescente procurado, de 17 anos, foi identificado como Menor Piu, que as autoridades descrevem como «um dos maiores ladrões de veículos do estado e segurança do traficante Doca», ou seja, Edgar Alves de Andrade, um dos chefes do Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro e ‘dono’ do Complexo da Penha.

«Havia um mandado de busca e apreensão contra o Menor Piu por vários crimes [fatos análogos, por se tratar de um adolescente infrator], explicou na entrevista o secretário.

«Como já era quase madrugada, obviamente não poderíamos entrar na residência onde este se encontrava e as forças policiais ficaram a aguarda movimentação dos moradores da casa de Oraum.

Após o menor ter saída da casa, foi abordado na via pública, mas foi nessa altura que Oruam partilhou um apelo nas suas redes sociais: «Quem tiver de moto brota no Joá. Me ajuda, eles estão aqui na minha porta.»

E foi após a detenção de Menor Piu, quando estava a ser colocado numa viatura descaracterizada, que o rapper começou a insultar as forças policiais, ao mesmo tempo que se filmava: «Delegado da Civil! Ei, Moysés! Tu é c*zão! Filha da p*ta! Tá tudo gravado! Você é covarde!».

Oraum fugiu depois da sua habitação, mas usou as redes sociais para divulgar um vídeo, que as autoridades consideram como «uma confissão», e já esta manhã, a Polícia Civil do Rio informou que vai indiciá-lo por associação ao tráfico, resistência qualificada, desacato e dano ao património público.

Em declarações ao programa ‘Bom Dia Rio’, o secretário de Polícia Civil, o delegado Felipe Curi, avançou ainda que Oruam será indiciado por ligação ao Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosas do Brasil criada em 1979.

«Trata-se de um marginal faccionado ligado à facção Comando Vermelho. E desafiando as autoridades de segurança pública a irem até lá para fazer a captura dele» referiu ainda o delegado.

«Se havia alguma dúvida de que o Oruam seria um artista periférico ou um marginal da pior espécie, hoje nós temos certeza de que se trata de um criminoso faccionado, ligado ao Comando Vermelho, facção que o pai dele, o Marcinho VP, controla a distância de fora do estado, mesmo estando preso em presídio federal.»