
Esta conferência teve como principal propósito celebrar os 60 anos do percurso histórico do CFPIC e refletir sobre o seu contributo para a formação dos trabalhadores e empresas. Além disso, os participantes dedicaram tempo à reflexão sobre os desafios e planos futuros para o setor: “O contributo do CFPIC é qualificar pessoas para que possam dar o seu contributo naquilo que é a entrega ao trabalho, a remuneração mais justa e a capacidade das empresas para que, numa lógica de internacionalização e de competição com o exterior, consigam afirmar a sua qualidade e o talento nacional”, afirmou Arnaldo Frade, presidente do CFPIC.
Susana Bastos, vogal do SNPIC, procurou debater questões sobre a valorização salarial e o peso da formação no aumento remuneratório. Em entrevista ao Correio de Azeméis, o Secretário de Estado Adjunto e do Trabalho, Adriano Moreira, declarou também que: “O crescimento económico consegue-se, em grande parte, através da formação profissional e da aquisição de conhecimentos. Os trabalhadores contribuem para uma maior produtividade, para um crescimento económico e, sendo este uma realidade, há uma valorização salarial. O programa de Governo prevê um aumento do salário mínimo, até 2029, de modo a chegarmos a um salário mínimo de 1.100 euros. É um esforço enorme para toda a sociedade e para os trabalhadores, que têm de corresponder em produtividade para que as empresas consigam ter esse ganho para redistribuir.”
Adriano Moreira fez questão de realçar o panorama geral de Portugal, relativamente à empregabilidade: “Temos um problema gravíssimo: existem milhares de jovens que, concluída a formação secundária, não conseguem exercer uma profissão, ou então a atividade profissional que conseguem realizar é remunerada pelo salário mínimo.” O CFPIC apresenta formas de combater este problema, disponibilizando cursos de especialização tecnológica que atribuem o nível 5 de formação aos jovens que terminam o ensino secundário.
Relativamente ao futuro do setor do calçado, Luís Onofre acredita que a indústria ainda tem muito caminho por desbravar. “Estamos a passar um tempo extremamente difícil, com toda a conjuntura internacional que está a acontecer, com as taxas alfandegárias que vão entrar em vigor, em julho, nos Estados Unidos, que é um dos grandes mercados no qual apostamos. Era bom que houvesse um bocadinho mais de bom senso por parte dos políticos e que a economia pudesse retomar na plenitude. Acho que isso ajudaria muito o nosso setor a evoluir."
Luís Onofre sublinhou ainda que se registou uma grande "deslocalização" para a Ásia. "Mas se seguirmos a trajetória daquilo que temos feito, de um sapato de handcraft com o 'Made in Europe', 'Made in Portugal', 'Made in Italy', 'Made in Spain', acho que conseguimos obter um nicho de mercado, que é aquilo pelo qual temos de lutar para obter um sapato de maior valor, para o qual as pessoas olhem de uma forma sustentável."
Sobre o poder político, Luís Onofre gostaria que, sobretudo a nível europeu, existisse mais protecionismo sobre o que é feito em Portugal e no continente. "Estão a entrar coisas na Europa que não são comercialmente justas para os nossos industriais. Vemos que não há nenhum controlo a nível de sustentabilidade em relação a tudo o que entra no continente. Em contrapartida, as nossas empresas têm de ter tudo absolutamente legal para poderem funcionar, o que nos torna menos competitivos no panorama internacional", destacou.
