
Escolhi integrar a Comunidade com Força por acreditar numa equipa plural, de cidadãos com experiência reconhecida, dentro e fora da política, capaz de apresentar resultados concretos. União não significa unanimidade, significa visão e compromisso. Acredito num projeto que dá continuidade a políticas bem-sucedidas, como as da agricultura, do acolhimento, da educação e da inovação.
Urge corrigir fragilidades evidentes? Sim, no apoio associativo, na habitação, nos transportes, no turismo e na proximidade com os cidadãos… será esta mudança possível com quem liderou, com os resultados que se conhecem, os pelouros do Ambiente, da Cooperação com as Freguesias ou da Mobilidade? Não acredito!
Também não vejo esta mudança como viável quando é protagonizada por quem, ao longo dos últimos oito anos, escolheu manter um silêncio cúmplice perante as fragilidades do concelho — as mesmas que só agora parecem merecer atenção. E mais grave ainda: esse silêncio foi mantido enquanto liderava uma instituição que simboliza liberdade e resistência, precisamente no momento em que eu denunciava debilidades da governação e apresentava propostas concretas, responsáveis e exequíveis — algumas das quais foram ignoradas. Felizmente, essas propostas estão devidamente registadas. Recordo apenas 10 delas:
1) Ambiente – propus o sistema “porta-a-porta” para zona urbana para substituir o modelo em vigor de recolha de resíduos e alertei para o abandono da ETAR dos Enxames.
2) Associativismo – defendi a adoção de critérios claros e justos nos apoios financeiros ao movimento associativo, tendo denunciado algumas injustiças praticadas;
3) Cidadania – propôs a nomeação de um Provedor Municipal, a realização de reuniões do executivo descentralizadas, a reativação do Orçamento Participativo e digitalização dos serviços administrativos para permitir a monitorização pública dos processos;
4) Desporto – critiquei investimentos desproporcionais – 600 mil euros em balneários -, enquanto faltam infraestruturas para modalidades desportivas;
5) Economia – alertei para a atribuição de benefícios fiscais a empresas com histórico duvidoso e defendi uma fiscalização efetiva e rigorosa às empresas apoiadas;
6) Educação – sugeri aquisição de licenças da Escola Virtual ou da Aula Digital como alternativa mais eficaz ao investimento na Gamificação ou na Caderneta Digital;
7) Habitação – propus um novo modelo para a Bolsa de Arrendamento, baseado na celebração de contratos de 3–4 anos de imóveis em estado de degradação, em que o valor das rendas seria substituído por obras de reabilitação;
8) Mobilidade – propus a criação de um passe urbano a 15 euros, o reajustamento de horários e requalificação das paragens, sobretudo na zona industrial, defendi melhorias na acessibilidade urbana e segurança viária, com extensão da Variante Circular, e opus-me ao modelo que prevê a aplicação de coimas por parte empresas privadas concessionárias de estacionamento, alertando para fragilidades jurídicas e a injustiça do processo;
9) Recursos Humanos – denunciei a existência de recibos verdes no município para colaboradores que exercem funções a tempo inteiro e combati a precariedade nas AEC, propondo envolvimento das coletividades locais;
10) Saúde – propus, para minorar a falta de médicos de família no concelho, a criação de uma bolsa de estudos para alunos de medicina com a contrapartida obrigatória de permanência no Fundão após a conclusão da sua formação profissional.
Para terminar que fique bem claro que a minha saída do partido e do Executivo Municipal não foi motivada por ambições políticas pessoais, como sugeriu Rui Pelejão numa recente entrevista à RCB, reforçando uma narrativa que se procura instalar. Na minha perspetiva a sua afirmação é falsa e injusta. Ignora o meu percurso, menospreza o meu compromisso e
apaga o facto de ter assumido responsabilidades no PS local quando poucos estavam disponíveis — apresentando propostas com coragem e sentido de dever. Ressuscitar a minha antiga militância no PSD sem procurar compreender as razões por detrás dessa etapa é um exercício evidente de oportunismo político. Tentar ocultar que nunca me ofereci para qualquer
cargo ou lugar é distorcer os factos de forma deliberada, apenas para sustentar construções convenientes. Teria sido fácil permanecer no conforto do partido, à espera de ser “encaixado” numa lista — mas fiz uma escolha livre, responsável e consciente. Por isso, não posso deixar de lamentar insinuações vindas de quem, com alguma ironia, parece agora empenhado em assegurar os primeiros lugares da sua futura lista — curiosamente contemplando… um ex-militante do PSD.
Sim, acredito que é tempo de fazer diferente e melhor! É possível apresentar uma solução verdadeira, com os pés assentes no chão e o coração… no sítio certo!
Artigo de opinião de Sérgio Mendes