
Chegámos a um momento decisivo para o futuro do nosso país. O voto, muitas vezes encarado com desinteresse ou cansaço, é hoje uma das mais poderosas ferramentas que temos ao nosso alcance para defender a democracia, assegurar a estabilidade e proteger os valores que sustentam a nossa vida em comum.
A abstenção não é um gesto neutro. É uma escolha — a escolha de deixar que outros decidam por nós. E, numa época em que forças extremistas ganham força e visibilidade, essa ausência pode ter consequências graves. Quando a maioria moderada se cala, os radicais ocupam o espaço. Quando nos afastamos do debate, entregamos a iniciativa a quem não tem qualquer interesse em preservar o que tanto custou a conquistar: a liberdade, a justiça social, o respeito pela diferença e o equilíbrio institucional.
O crescimento de partidos de extrema-direita, como o Chega, deve preocupar-nos seriamente. Este tipo de forças políticas alimenta-se do descontentamento e da frustração legítima dos cidadãos, mas responde com soluções perigosas, discursos de ódio, propostas discriminatórias, ataques ao Estado de Direito e à dignidade humana. A democracia não se pode deixar capturar por quem a rejeita nos seus fundamentos.
Importa também compreender que o parlamento está em mudança. Veremos um reforço da representação à direita da AD e novas dinâmicas à esquerda, com partidos como o Livre e o Bloco de Esquerda a manterem um papel relevante. No entanto, não se pode ignorar a quebra acentuada de partidos históricos como o PS e a CDU, pilares do regime democrático e protagonistas centrais do progresso social nas últimas décadas. Este enfraquecimento do centro político e da esquerda tradicional cria um vazio que pode ser explorado por forças radicais.
Por isso, mais do que nunca, é preciso votar com consciência. Votar em quem respeita a democracia, em quem defende o pluralismo, em quem rejeita o populismo e o extremismo, em quem tem propostas claras para o futuro do país e a capacidade de as pôr em prática. O momento exige responsabilidade. Exige moderação com firmeza, ambição com equilíbrio, mudança com estabilidade.
Cada voto conta. E neste momento, mais do que em qualquer outro, não é indiferente quem ganha. O que está em causa não é apenas quem vai governar, é como vamos ser governados — com que valores, com que respeito pelas instituições, pelas pessoas e pelas diferenças que nos enriquecem enquanto sociedade.
Já sei o que quero para o meu país. Quero um futuro onde caibam todos, sem exclusões nem discursos de ódio. Um país de oportunidades, de liberdade e de respeito. Um país que saiba corrigir o que está mal, sem destruir o que está certo.
Domingo, não fico de fora. Voto com lucidez. Voto com responsabilidade. Voto pela democracia.
E mais não digo…