
O concelho de Cantanhede seguiu a tendência dominante no litoral centro do país e deu uma vitória clara à coligação PPD/PSD.CDS-PP (Aliança Democrática) nas eleições legislativas de 2025. Com 40,65% dos votos (7.945 votos), a AD venceu destacadamente, enquanto Chega (22,80%) e Partido Socialista (19,53%) protagonizaram uma disputa apertada pelo segundo lugar, num sinal de reconfiguração das forças políticas locais.

Resultados Gerais – Concelho de Cantanhede
Partido/Coligação | Votos | Percentagem |
---|---|---|
PPD/PSD.CDS-PP | 7.945 | 40,65% |
Chega | 4.456 | 22,80% |
PS | 3.816 | 19,53% |
Iniciativa Liberal | 883 | 4,52% |
Livre | 565 | 2,89% |
ADN | 405 | 2,07% |
Bloco de Esquerda | 270 | 1,38% |
CDU (PCP-PEV) | 214 | 1,09% |
PAN | 195 | 1,00% |
Outros (PPM, RIR, Volt, ND, etc.) | < 0,3% cada | |
Votos Brancos | 389 | 1,99% |
Votos Nulos | 252 | 1,29% |
Análise Política
A coligação PPD/PSD.CDS-PP obteve uma vitória sólida, com mais de 40% dos votos expressos, e garantiu uma margem muito confortável sobre as restantes forças políticas. Este resultado reforça a posição dominante da direita tradicional em Cantanhede, sustentada por décadas de influência autárquica, rede local consolidada e fidelização de eleitorado conservador.
O Chega, com 22,80%, atingiu um dos seus melhores resultados no distrito de Coimbra, superando claramente o PS e consolidando-se como segunda força política no concelho. O partido de André Ventura captou votos do descontentamento com os partidos do sistema, afirmando-se como um novo polo político local com forte presença em freguesias periféricas e entre o eleitorado de protesto.
O PS ficou abaixo dos 20%, registando uma quebra acentuada em relação a anteriores legislativas. Este resultado confirma a dificuldade do partido em contrariar o ciclo descendente que tem afetado o centro-esquerda a nível nacional, sendo ultrapassado pelo Chega mesmo em zonas onde costumava liderar.
A Iniciativa Liberal, com 4,52%, superou os restantes partidos da esquerda não socialista, reforçando o seu posicionamento como força alternativa liberal, especialmente entre o eleitorado jovem e urbano.
O Livre, com 2,89%, e o ADN, com 2,07%, obtiveram resultados superiores a partidos históricos como o Bloco de Esquerda (1,38%), a CDU (1,09%) e o PAN (1,00%), que ficaram reduzidos a votações residuais, confirmando uma crise de representatividade da esquerda tradicional.
Conclusão
A votação no concelho de Cantanhede espelha a nova configuração da política nacional e local:
- A Aliança Democrática (PPD/PSD.CDS-PP) venceu com margem confortável, mantendo a liderança no concelho;
- O Chega consolidou-se como a força em ascensão, captando eleitorado descontente com a governação e a oposição tradicional;
- O PS afundou-se eleitoralmente, ficando atrás do Chega e a grande distância da coligação vencedora;
- A Iniciativa Liberal consolidou-se como quarta força, com presença relevante;
- Os partidos da esquerda tradicional estão em declínio profundo, sem capacidade de contrariar a fragmentação e perda de eleitorado.
A elevada votação nos três principais partidos demonstra uma polarização do eleitorado e um reposicionamento das preferências políticas locais, com impacto provável nas dinâmicas autárquicas e na representatividade institucional futura.