
O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR) de 2024, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revela um retrato misto das condições habitacionais no Alentejo. Apesar da região apresentar a taxa mais baixa de sobrecarga das despesas em habitação entre todas as regiões NUTS II do país, persistem desafios ao nível das condições físicas dos alojamentos.
Segundo os dados do ICOR, a taxa de sobrecarga das despesas em habitação no Alentejo foi de 3,9%, valor inferior à média nacional (6,9%) e o mais baixo entre todas as regiões analisadas. Este indicador mede a proporção de pessoas cujas despesas com habitação ultrapassam 40% do rendimento disponível do agregado familiar.
Também a carga mediana das despesas em habitação no Alentejo (12,0%) alinhou com a média nacional, ficando abaixo das registadas na Grande Lisboa (13,4%) e no Algarve (12,8%).
No entanto, apesar do menor esforço financeiro, a região continua a evidenciar sinais de carência habitacional. A taxa de sobrelotação da habitação no Alentejo foi de 12,3%, ligeiramente acima da média nacional (11,2%) e uma das mais elevadas entre as regiões continentais. Este indicador refere-se à insuficiência de divisões habitáveis nos alojamentos em relação ao número e perfil dos ocupantes.
A taxa de privação severa das condições de habitação, que combina sobrelotação com pelo menos um problema grave no alojamento (como infiltrações, falta de instalações sanitárias ou ausência de luz natural), foi de 3,2% no Alentejo. Embora este valor seja inferior à média nacional (4,9%) e muito abaixo das Regiões Autónomas, supera as taxas observadas no Centro (2,1%) e no Oeste e Vale do Tejo (2,4%).
Quanto ao conforto térmico, 29,8% da população alentejana referiu viver em casas que não são confortavelmente frescas durante o verão, e 31,9% indicou não ter capacidade para manter o alojamento adequadamente aquecido no inverno. Ambos os indicadores estão acima da média nacional (29,9% e 15,7%, respetivamente), refletindo dificuldades acrescidas nas condições térmicas das habitações da região.
Os dados do ICOR 2024 mostram que, no Alentejo, as famílias enfrentam um esforço financeiro com a habitação inferior ao verificado em outras regiões do país. No entanto, persistem desafios ao nível da qualidade e adequação dos alojamentos, sobretudo no que respeita à sobrelotação e ao conforto térmico, fatores que afetam particularmente os agregados familiares em situação de maior vulnerabilidade.