O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo foi alvo de uma provocação este sábado, no Funchal, durante uma ação de campanha, mas reagiu com firmeza: aceitou uma corda com nó de forca oferecida pelo líder regional do partido ADN e devolveu-lha, afirmando servir para “enforcar ideias negacionistas, terraplanistas e negam as alterações climáticas”.

O momento, que ocorreu à entrada do Mercado dos Lavradores, captou rapidamente a atenção dos populares que acompanhavam a deslocação do antigo Chefe do Estado-Maior da Armada. Gouveia e Melo não se deixou intimidar e respondeu diretamente ao dirigente regional do ADN, Miguel Pita.

“Aceito, mas vou-lhe devolver. Sabe porquê? Para o senhor enforcar aqui as vossas ideias do negacionismo, do terraplanismo e de que não há alterações climáticas”, afirmou, antes de se despedir com um educado “bom dia e muito obrigado”.

A provocação foi montada por Miguel Pita, que recordou uma declaração de Gouveia e Melo em 2021, quando este afirmou que daria um “péssimo político” e que, se avançasse para a política, entregassem-lhe uma corda para se enforcar. Pita quis confrontá-lo com essa afirmação, entregando simbolicamente a corda.

O dirigente do ADN tencionava ainda abordar o ex-almirante sobre o caso dos 11 militares do NRP Mondego, que foram sancionados após recusarem uma missão em 2023, altura em que Gouveia e Melo liderava a Armada. O Supremo Tribunal Administrativo declarou ilícitas essas sanções num acórdão datado de 30 de abril deste ano, confirmando uma decisão anterior do Tribunal Central Administrativo Sul.

Miguel Pita apontou ainda críticas à liderança de Gouveia e Melo durante a pandemia, acusando-o de impor um plano de vacinação com o qual discorda. Alegou que muitas pessoas vacinadas tiveram consequências adversas, enquanto outras, como ele próprio, “continuam vivas e saudáveis sem vacinação”.

Henrique Gouveia e Melo não respondeu a estas acusações nem se voltou a referir ao incidente durante o resto do percurso pela capital madeirense. Preferiu manter o foco nos contactos com a população e nas visitas institucionais no âmbito da sua deslocação oficial à Região Autónoma da Madeira, que iniciou na sexta-feira.

Nesse dia, o candidato reuniu-se com o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e visitou as obras do novo Hospital Central e Universitário da Madeira. Questionado sobre se procurava apoio político na região, Gouveia e Melo foi claro: “Não peço apoio formal de ninguém nem de instituições. O que me importa é o apoio dos portugueses.”

Este sábado, antes do jantar com apoiantes em Câmara de Lobos, o candidato visitou a Unidade Autónoma de Gás Natural dos Socorridos e o varadouro de São Lázaro, onde contactou com responsáveis da ARDITI — Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação.

A visita termina este domingo na ilha do Porto Santo.