
Quarteto de Cordas da Orquestra da Costa Atlântica protagoniza concerto intimista na Igreja Matriz
O concelho de Mourão recebe, nos dias 14 e 15 de Junho, mais um fim-de-semana do Festival Terras sem Sombra, que promete conjugar a música erudita, o património cultural e a biodiversidade numa proposta abrangente e sensível ao território. Na sua 21.ª edição, o festival dedica-se ao tema «Autoras, Intérpretes, Musas: O Eterno Feminino e a Condição da Mulher na Música (Séculos XIII-XXI)» e traz ao Alentejo profundo uma programação de excelência.
Música no feminino com o Quarteto de Cordas
No sábado, dia 14, às 21h30, a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Candeias, situada no castelo de Mourão, acolhe o concerto «Cantos da Terra: O Eterno Feminino», pelo Quarteto de Cordas da Orquestra da Costa Atlântica. O ensemble, composto por David Lloyd e Fabiana Fernandes (violinos), Catarina Gonçalves (viola d’arco) e António Ferreira (violoncelo), interpretará obras que evocam espiritualidade, memória e destino, com destaque para Adoration, da compositora afro-americana Florence Price, e o célebre Quarteto n.º 14 – A Morte e a Donzela, de Franz Schubert.
Com sede em Esposende e actividade regular desde 2015, a Orquestra da Costa Atlântica é reconhecida pela versatilidade e pela aposta na valorização do repertório sinfónico. Em 2024, protagonizou uma digressão com 28 concertos na China, a convite do Ministério da Cultura local.
Granja: um tesouro às margens do Alqueva
Na tarde de sábado, pelas 15h00, o festival propõe uma visita guiada à aldeia de Granja, sob o mote «Uma Aldeia da Raia: História e Património de Granja». Conduzida por Vítor Serrão, professor catedrático emérito da Universidade de Lisboa e especialista em arte portuguesa, a visita explora a herança histórica e arquitectónica desta povoação ribeirinha do Alqueva, que remonta ao século XIII.
Granja guarda no seu território vestígios romanos e árabes, chaminés mouriscas e edifícios religiosos notáveis, como a Igreja de São Brás (século XIV), classificada como Monumento de Interesse Público, ou a singela Igreja da Misericórdia. Uma oportunidade rara para descobrir o passado fronteiriço de uma comunidade que conserva as marcas da guerra e da fé.
Biodiversidade e tradição na Herdade da Galeana
O programa do Terras sem Sombra em Mourão encerra na manhã de domingo, dia 15, com uma visita à Herdade da Galeana, intitulada «Natureza Animal e Sinal de Identidade: A Raça Brava de Lide». A acção de salvaguarda da biodiversidade terá início às 9h30, com ponto de encontro no Largo da Fonte Luminosa, em Mourão, e será orientada por Joaquim Murteira Grave, médico veterinário e especialista internacional em gado bravo.
A herdade, com cerca de mil hectares de montado, é um verdadeiro hotspot ecológico, onde o touro bravo se revela peça-chave na conservação dos ecossistemas. A gestão cuidadosa do território, através da mobilidade dos animais e da rotação de pastagens, favorece a regeneração da vegetação autóctone, como o sobreiro e a azinheira, e contribui para a prevenção de incêndios.
Uma parceria com o município de Mourão
Esta etapa do Festival Terras sem Sombra conta com o apoio da Câmara Municipal de Mourão e marca também o regresso do evento ao financiamento estruturado da Direcção-Geral das Artes, assegurado para o biénio 2025-26. Música, património e natureza voltam a encontrar-se num fim-de-semana que celebra a identidade do Alentejo e a presença do feminino na criação artística ao longo dos séculos.