Sesimbra, que até recentemente apenas dispunha do Auditório João Mota, irá em breve contar com o auditório que está em construção na Quinta do Conde, além de estar também prevista a reconversão de um espaço no Parque Augusto Pólvora para este efeito. A existência deste tipo de equipamentos culturais é sempre de saudar e estes espaços devem ser fundamentais para a promoção da cultura e artes no concelho.

No entanto, para que cumpram plenamente a sua missão pública e não se transformem em encargos excessivos para as contas municipais, importa que a sua exploração também tenha em conta critérios financeiros. Algo que deve ser pensado ainda na fase de projecto.

Temos vários exemplos, se o Parque da Vila da Quinta do Conde tem um café concessionado e o Centro Cultural de Belém integra lojas e restauração, porque não seguir a mesma linha de pensamento nos projectos actuais e futuros de Sesimbra?

Espaços complementares de restauração ou comércio poderiam gerar receitas adicionais a reinvestir na programação cultural, aumentando a autonomia e a vitalidade destes equipamentos. Assim, além dos fundos disponibilizados pela autarquia os espaços iriam dispor de verbas próprias para poderem melhorar a sua programação e expandir o seu alcance junto da população.

Mais do que edifícios, estes espaços devem ser motores de vida cultural. Não se compreende, por exemplo, que o regulamento do Auditório João Mota limite o seu uso a eventos estritamente culturais, artísticos, educativos ou de desenvolvimento social, cívico e político. Se o espaço está vazio, porque não permitir que seja alugado para uma reunião empresarial ou outro evento de carácter privado, desde que a receita reverta para financiar a programação cultural? – Essa abertura só traria benefícios: maior utilização, mais receitas e mais cultura para todos.

Outro aspecto importante será a existência de uma programação consistente ao longo do ano, garantindo continuidade e diversidade, sem prejuízo de períodos destinados à manutenção ou a adaptações necessárias para espectáculos que o requeiram. Ao mesmo tempo, é fundamental que as associações locais e entidades culturais, tenham acesso a estas instalações, potenciando a criação e a divulgação artística da nossa comunidade.

Uma política cultural moderna deve unir a promoção das artes à gestão eficiente dos recursos.

Cultura é uma forma de riqueza que pode ser difícil de quantificar, mas que valoriza os cidadãos e o futuro de todos nós.

Liberalismo também é cultura