
O diretor artístico da Associação Évora_27, John Romão, assegura que a programação da Capital Europeia da Cultura está a avançar, com uma estratégia centrada na recuperação do tempo perdido e no reforço da ligação ao território e às comunidades. Em declarações aos jornalistas, após a sessão informativa que decorreu esta sexta-feira, no Convento de São Bento de Cástris, em Évora, o responsável garantiu que a equipa está «a acelerar e a tentar recuperar algum tempo que foi perdido».
John Romão reconheceu que o projeto registou atrasos, mas sublinhou que «estamos no bom caminho». Para além de reafirmar o compromisso com os 52 projetos artísticos que constam do dossiê de candidatura — o chamado BidBook — destacou que está a ser feito «um trabalho ativo com todos os artistas e associações locais representados» nesse documento.
Durante a sessão, foram apresentados cinco dos projetos já desenhados. «Hoje foi uma primeira partilha pública. Espero que haja mais partilhas com outros projetos que também estão a ser fortalecidos», afirmou. A prioridade passa também por consolidar parcerias, «quer no plano nacional, quer internacional», reforçando o envolvimento das comunidades locais de Évora e do Alentejo em geral.
A abertura à participação de novos agentes culturais será promovida já em setembro, com o lançamento de duas open calls. Uma será dedicada ao «tecido escolar do Alentejo Central» e outra a artistas e estruturas internacionais que proponham projetos com ligação direta ao território. «Estamos a preparar os regulamentos precisamente agora», referiu John Romão, adiantando que mais duas chamadas serão lançadas em dezembro.
O diretor artístico sublinhou ainda a importância de ampliar o alcance da programação, integrando novas áreas de reflexão. «Hoje temos outras prioridades, não só europeias, mas também no Alentejo, que se cruzam com os desafios europeus», afirmou, apontando temas como as migrações, a guerra e a paz, a transição energética, a sustentabilidade ou a inteligência artificial. Para John Romão, cabe à direção artística «reforçar essas dimensões nos diferentes projetos já existentes», bem como acolher propostas que possam «complementar essas lacunas».
Apesar das exigências do calendário, o responsável acredita que a equipa está a responder de forma eficaz. «Vamos a tempo. Ainda é preciso batalhar muito para conseguirmos estar em condições de apresentar todo o plano quando chegar a altura», afirmou. A programação oficial deverá ser anunciada no último trimestre de 2026 e arrancar em fevereiro de 2027.
John Romão defendeu que o processo segue o rumo previsto, embora com maior intensidade: «O percurso é exatamente o que estava planeado desde o início. Simplesmente estamos a acelerar o processo porque queremos que os projetos se constituam e comecem a materializar-se de forma mais evidente».