A federação do PS de Setúbal pediu ontem, uma “análise política não fulanizada” dos resultados das legislativas de domingo, considerando o revés como um “sério e grave golpe” para o Partido Socialista.

Na sua resolução, aprovada em reunião extraordinária do Conselho Estratégico, a comissão política distrital defendeu que a análise do resultado das eleições deve focar-se nas causas e não nas pessoas, ressaltando a importância de um diagnóstico profundo sobre o crescente avanço dos populismos de direita e o enfraquecimento simultâneo da mensagem de esquerda.

A resolução destaca que a derrota nas legislativas constitui um momento de reflexão urgente para o PS, sendo necessário revisitar a Declaração de Princípios do partido, datada do início dos anos 2000, e promover uma revisão programática que permita o restabelecimento da ligação com as principais preocupações da sociedade.

O documento sugere também que essa reflexão envolva outros agentes cívicos, académicos, entidades representantes dos trabalhadores e associações de diferentes setores da sociedade.

Apesar de reconhecerem “méritos inegáveis” nas políticas e medidas dos Governos do PS, os socialistas de Setúbal consideram essencial um diagnóstico racional sobre as políticas e as formas de comunicação que, no entender do partido, têm gerado o desencontro entre o PS e a sociedade portuguesa.

A deliberação ainda chama a atenção para a importância de garantir que as eleições internas do PS sejam realizadas de forma a respeitar as exigências dos próximos atos eleitorais, em especial as eleições autárquicas.

O presidente do PS, Carlos César, anunciou que irá propor à Comissão Nacional do partido a realização de eleições imediatas para o cargo de secretário-geral socialista, entre o final de junho e o início de julho.

A proposta, que também contou com o apoio do líder demissionário Pedro Nuno Santos, surge após o pedido de demissão deste último, que assumiu a responsabilidade pela derrota nas legislativas.

Entretanto, uma alternativa à proposta de Carlos César foi avançada por Daniel Adrião e outros dirigentes do partido, que sugerem a realização de eleições primárias abertas em outubro ou novembro, defendendo que o novo secretário-geral seja escolhido após as eleições autárquicas.

Segundo os resultados provisórios, o PS perdeu 20 deputados nas legislativas, ficando com 58 assentos no parlamento e um total de 23,38% dos votos, o que representa uma queda de cerca de 365 mil votos em relação às eleições do ano passado.

Este é o terceiro pior resultado do PS em termos de percentagem de votos, apenas superado pelos resultados de 1985 e 1987.