O deputado do PSD eleito por Beja, Gonçalo Valente, disse esperar que a reposição das carruagens de comboio Intercidades na região “seja feita o quanto antes”, garantindo já ter batido “a várias portas” para resolver a situação.

“Estou a acompanhar o processo, já bati a várias portas e o que podemos esperar é uma intervenção o mais rápido possível para que a reposição seja feita o quanto antes”, disse o eleito social-democrata, em comunicado.

Em causa está o facto de a CP estar a recorrer temporariamente a automotoras UTE 2240 na Linha do Alentejo, em vez do material circulante que assegurava o serviço Intercidades.

A situação tem sido alvo de críticas pelas federações do Baixo Alentejo e de Évora do PS e também pelo PCP, que argumentam que tudo se deve ao acidente ocorrido na Linha da Beira Baixa, no passado dia 18 de junho, que envolveu um comboio Intercidades e um camião no Fundão.

Este acidente, alegaram os socialistas, obrigou “à imobilização de material Intercidades” e a CP optou por “repor as automotoras UTE 2240 nos serviços do Alentejo, retirando novamente as carruagens confortáveis que tinham sido atribuídas” ao serviço ferroviário na região.

Perante estas acusações, o deputado do PSD eleito por Beja afirmou, no comunicado, que “sempre que surgem estes constrangimentos a CP recorre à rede nacional e faz substituições para que os serviços sejam garantidos”.

“Ou seja, retira de um lado para pôr noutro e, para que as linhas de onde foram retiradas as composições continuem em atividade, muitas das vezes recorrem a locomotivas mais antigas”, disse.

Garantindo não estar “conformado” com a situação, Gonçalo Valente afiançou que continua “a acompanhar o processo” e dirigiu críticas ao PS, acusando este partido de “falta de noção” e “de honestidade política”.

Segundo o deputado do PSD, os socialistas dizem “que o Baixo Alentejo sempre foi discriminado no que toca à ferrovia”, mas esquecem que o partido “governou 23 dos últimos 30 anos”.

“Era de esperar [do PS] uma boa dose de humildade e de consciência daquilo que nos fizeram ao longo dos anos, assim não cairiam no ridículo como têm caído ultimamente”, concluiu.

Na quinta-feira passada, a Federação de Évora do PS denunciou a alteração do serviço, considerando “manifestamente inadequado para longas distâncias” o material circulante que está a ser utilizado pela CP.

No mesmo dia, a Direção Regional do Alentejo do PCP também considerou que as ligações entre Lisboa e Évora “estão a ser feitas com material desadequado da procura” e destacou as “queixas permanentes dos utilizadores”.

No dia seguinte, o deputado do PS eleito por Beja, Pedro do Carmo, disse ter questionado o Governo sobre a “degradação do serviço de transporte ferroviário entre Lisboa e Beja”.

Questionada pela Lusa, que teve conhecimento de várias queixas de utentes, a CP admitiu o recurso a automotoras UTE 2240 na Linha do Alentejo, em vez do material circulante que assegurava o serviço IC, mas frisou ser “temporário”, sem revelar até quando a situação se irá manter.

A empresa também não esclareceu o motivo da alteração do serviço, mas reconheceu “escassez de material circulante para operar no IC da Linha do Alentejo”.

Na segunda-feira foi a vez de a Federação do Baixo Alentejo do PS exigir “a reposição imediata” das carruagens do comboio Intercidades no Alentejo, considerando que a situação “é uma afronta” e “uma falta de respeito pelas populações” da região.