
Uma sepultura de incineração que deverá remontar à segunda metade do século III foi descoberta na cidade romana de Ammaia, em Marvão, distrito de Portalegre, no decorrer de trabalhos arqueológicos, foi hoje divulgado.
Em declarações à agência Lusa, o arqueólogo responsável da Fundação Ammaia, Joaquim Carvalho, explicou que esta descoberta na zona do anfiteatro, aliada a uma outra sepultura idêntica que também foi descoberta em 2024, na porta norte do anfiteatro, está a “levantar algumas questões” aos estudiosos em relação à ocupação do espaço.
“Pensamos nós que ele [anfiteatro] terá sobrevivido enquanto estrutura lúdica pelo menos até ao século III, mas as escavações que estamos a fazer atualmente ainda nos vão dar, provavelmente, algumas novas indicações”, disse.
A equipa de arqueólogos da Ammaia está a desenvolver trabalhos no local para delimitar a área exterior e uma das portas de entrada no anfiteatro.
A iniciativa resulta de uma parceria com a participação dos alunos de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a colaboração também de alunos oriundos de Espanha e do Brasil.
Joaquim Carvalho acredita que a campanha – a qual, “provavelmente”, vai sofrer um interregno no final desta semana, para regressar depois em setembro – vai ainda fornecer novos dados sobre esta descoberta e a cronologia do anfiteatro em particular.
“A escavação nesta área ainda não está concluída, ainda podemos ter mais alguma surpresa”, disse.
As peças recolhidas vão seguir para análise num laboratório e muitas deverão integrar a exposição permanente do museu instalado na Fundação Ammaia.
A cidade romana de Ammaia, classificada como Monumento Nacional em 1949, é o mais importante vestígio da sua época existente no norte alentejano e situa-se em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede.
A zona central da cidade é constituída pela Quinta do Deão e pela Tapada da Aramenha, e tem uma área de cerca de 25 hectares.
As ruínas da cidade estiveram abandonadas até finais de 1994, quando começaram as primeiras escavações arqueológicas sistemáticas.
Três anos depois, a Fundação Cidade de Ammaia assumiu os trabalhos de estudo, escavação e de preservação do que resta da antiga cidade romana.
No espaço, estão instalados um museu e um laboratório de conservação e restauro, que foi criado para conservar e salvaguardar os bens arqueológicos da área.
O laboratório funciona também como local de trabalho para investigadores que estão a estudar os materiais arqueológicos de Ammaia.