
A onda de calor que atinge atualmente Portugal continental deverá prolongar-se, pelo menos, até dia 13 de agosto. São mais 8 dias de temperaturas muito elevadas, o que levou as autoridades nacionais de saúde a emitirem uma recomendação conjunta à população, devido aos riscos agravados para os mais idosos, crianças, grávidas e doentes crónicos.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já tinha comunicado, no domingo, que os termómetros se manteriam elevados até quinta-feira, dia 6, principalmente a Norte, mas a previsão é agora ainda mais dilatada no tempo, estando previstas temperaturas acima dos 40ºC na região do Alentejo e no interior das regiões Norte e Centro.
Numa nota única, a Direção-Geral da Saúde (DGS), a Direção Executiva do SNS (DE-SNS) e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) alertam para os impactos da manutenção de temperaturas elevadas na saúde da população e recordam a importância de dar especial atenção aos grupos mais vulneráveis ao calor, como as crianças, pessoas idosas, doentes crónicos, grávidas e trabalhadores com atividades no exterior, sendo importante acompanhar as pessoas que vivam isoladas.
Recorde-se que Portugal continental registou 264 mortes em excesso no período de alerta de calor, mais 21,2% face ao previsto, sobretudo nos maiores de 75 anos e na região Norte, revelam dados da Direção-Geral da Saúde. “Na sequência do alerta de período de tempo quente que teve início a 25 de julho de 2025, foi detetado um excesso de mortalidade, observando-se 264 óbitos em excesso em Portugal Continental", refere a DGS em comunicado.
Conforme estimativas do INSA, estes números correspondem "a um excesso relativo" de mais 21,2% face ao esperado, entre 26 e 30 de julho de 2025, sobretudo no grupo etário com 75 ou mais anos de idade e na região Norte do país.
No comunicado conjunto agora divulgado pelas autoridades de saúde, dada a persistência da onda de calor, chama-se a atenção para a necessidade da população se manter hidratada, bebendo pelo menos o equivalente a oito copos de água por dia, e de evitar bebidas alcoólicas e com cafeína. Avisa-se ainda que deve permanecer em ambientes frescos ou climatizados, com sombras e circulação de ar, pelo menos duas a três horas por dia, mantendo janelas, persianas e estores fechados nos períodos de maior calor, ou em zonas com risco de poeiras dos incêndios.
No rol de conselhos, estão as viagens nas horas de menor calor, a redução da exposição direta ao sol, principalmente entre as 11h e as 17h e o uso de protetor solar com fator elevado. Aconselham a que se viaje nas horas de menor calor, assim como o uso de roupas claras, leves e largas, que cubram a maior parte do corpo, chapéu e óculos de sol com proteção ultravioleta, assim como a inibição de atividades no exterior que exijam grandes esforços físicos.
Em caso de emergência, e se apresentarem sinais de alerta como suores intensos, febre, vómitos/náuseas ou pulsação acelerada/fraca, as autoridades aconselham a população a contactar a linha SNS 24, através do número 808 24 24 24, ou a ligar para o número europeu de emergência 112.
Risco máximo de incêndios e de ‘mau ar’
A DGS, DE-SNS e INSA dizem ainda estão a acompanhar em permanência a situação meteorológica e o seu impacto na saúde, reforçando as medidas do Plano de Contingência para a Resposta Sazonal em Saúde, em articulação com as estruturas regionais e locais.
Esta terça-feira, segundo o IPMA, há cerca de 150 concelhos do interior Norte e Centro e dois do Algarve sob risco máximo de incêndio. Entre estes, estão todos os concelhos dos distritos de Bragança, Guarda e Viseu, assim como a maioria nos distritos de Vila Real, Porto, Braga e Castelo Branco. Estão ainda sob risco máximo dezenas de municípios dos distritos de Viana do Castelo, Coimbra, Aveiro, Santarém, Leiria, Portalegre e Faro.
Portugal continental está desde domingo e até quinta-feira em situação de alerta, devido ao elevado risco de incêndio, anunciou no sábado a ministra da Administração Interna.
Hoje é o incêndio de Vila Real o que concentra mais meios e preocupações. Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Centro de Investigação para o Ambiente em Sustentabilidade (CENSE) da Universidade NOVA FCT considerou que, devido às várias ocorrências dos últimos dias, deve haver um aumento de partículas no ar de compostos perigosos para a saúde. Os incêndios rurais emitem uma "mistura de compostos perigosos para a saúde", que podem ir de partículas respiráveis (PM10) a partículas finas (PM2,5), de óxidos de azoto a hidrocarbonetos aromáticos, entre outros.
"As partículas finas emitidas pelos incêndios rurais são o poluente atmosférico de maior preocupação para a saúde pública, porque podem viajar profundamente para os pulmões e até mesmo entrar na corrente sanguínea. Estão associadas a mortes prematuras na população em geral e podem causar e agravar doenças respiratórias e cardiovasculares", explicou.